A HIERARQUIA ESCOLAR: UM LABIRINTO INFINITO ("Porque, se a trombeta der sonido incerto, quem se preparará para a batalha?" — 1Coríntios 14:8 ARC)
Há algo intrigante e, ao mesmo tempo, quase cômico na complexa teia hierárquica de uma escola. Os corredores ecoam com a cacofonia do poder e da autoridade, cada nível hierárquico estendendo sua sombra sobre o próximo, criando uma cadeia de comando infinita que desafia a compreensão e, por vezes, a paciência.
Você já ouviu falar da expressão: "muito cacique para pouco índio"? É assim que me sinto quando entro na escola onde trabalho todos os dias. É uma sensação peculiar que me faz questionar onde começa e onde termina a linha de comando. Como professor, sou a base dessa hierarquia, o índio na analogia, mas, na realidade, parece que há mais caciques do que eu posso contar.
Tudo começa com o representante de sala. Uma figura carismática, ele é eleito pelos colegas e, de repente, temos um líder entre nós. No início, parece inofensivo, uma voz para nos representar. Mas, à medida que o ano avança, ele começa a exercer seu poder sobre o grupo, tomando decisões que afetam a todos nós.
Em seguida, temos o colega que se autodenomina o "padrinho" da sala. Ele não foi eleito para nada, mas age como se fosse o chefe. Suas opiniões são as mais importantes, suas sugestões as mais valiosas. É um título autoconferido que parece carregar mais peso do que deveria.
Mas, a hierarquia não para por aí. Logo depois, entramos no reino dos coordenadores. Coordenadores de área, coordenadores de turnos, coordenadores pedagógicos - todos eles com uma fatia do bolo do poder. Cada um com suas próprias prioridades, muitas vezes em conflito com as dos outros. É como um jogo de xadrez, onde cada peça move-se em uma direção diferente, deixando os peões, nós, os professores, perplexos.
E então chegamos ao topo da pirâmide: o secretário da unidade escolar, o vice-diretor e o diretor. Eles são os verdadeiros caciques, os líderes supremos. Suas decisões reverberam por toda a escola, moldando nosso ambiente de trabalho e influenciando diretamente o que fazemos em nossas salas de aula.
Mas, no meio de toda essa hierarquia, onde fica o professor? O índio na analogia, lembram? Somos nós que estamos na linha de frente, lidando com os desafios diários, tentando ensinar e inspirar nossos alunos. Às vezes, parece que a voz do índio é abafada pelo rugido dos caciques.
No entanto, não é minha intenção apenas lamentar essa complexa hierarquia escolar. Ela existe por uma razão, e muitas vezes desempenha um papel crucial na organização e no funcionamento de uma escola. Mas, como em qualquer sistema, pode se tornar excessivamente complicada e ineficaz.
O que aprendi nesse labirinto hierárquico é a importância de encontrar equilíbrio. Precisamos de líderes e estrutura, mas também devemos ouvir e valorizar a voz daqueles que estão na linha de frente. Devemos trabalhar juntos, coordenadores, diretores e professores, para criar um ambiente de aprendizado que seja eficaz e enriquecedor para nossos alunos.
Então, da próxima vez que você ouvir a expressão "muito cacique para pouco índio," lembre-se de que, às vezes, é preciso um esforço conjunto para equilibrar a hierarquia e garantir que todos tenham a oportunidade de contribuir. E, como professor, continuarei a fazer o meu melhor para ensinar e inspirar, independentemente de onde eu me encaixe nessa complexa cadeia de comando. Afinal, é para os alunos que estamos aqui, e essa é a mensagem mais importante de todas. Na boca de muitos a quem temos que confessar, qualquer probleminha vira um problemão infinito. E continua sendo problema de ninguém, um empurrando para o outro.