BRIGA DE ROSAS NA MINHA FALTA DE JUIZO (crônica)
Na infância, aos meninos era de bom alvitre ser adorador de brigas. Cem por cento delas provocadas pela molecada amiga de maldosos provocadores. Instigadores de confrontos. Aqueles com seus pavios minúsculos eram empurrados contra aqueles com pavios menores ainda. E gritávamos para chamar plateia: Venham todos... Briga... Briga... Briga...
Confesso que, de idade avançada sou, ainda, um apreciador de contendas. Eis que...
Todo ano é a mesma coisa! Nem bem a primavera achegou-se com a mala cheia de belezas, no roseiral as brigas de vaidades começaram. É a tal da rosa cor-de-rosa brigando com a branca jurando que é a mais perfumosa. A branca contra a amarela achando-se a mais amorosa. A amarela briga com a vermelha alegando-se ser mais singela. A vermelha enfrentando a branca alegando-se ser a única rainha das paixões.
Mas...
Não me intrometo na briga delas, não! me recusando a ser árbitro, mas adorando ser plateia. Não se deve jamais meter pinceis alheios nos quadros de pinturas da natureza divina. Sento-me sob a copa da velha mangueira. E, como adorador de bons combates, chamo por toda a família parecendo uns dos briguentos da rua de outrora dizendo: Venham todos... Briga de rosas... Briga de rosas... Briga de rosas. Porém, antes da briga incendiar fôlegos trato de escolher a mais graciosa do momento para em paz ficar entre os cabelos da minha amada.