Deus existe?
Enquanto estou aqui na busca de entender e agradar a todos, guardo mágoas, medos, e, talvez, até raiva de alguns. Mas o amor sempre chega, como tem de chegar.
O ódio perde a vez. Parece clichê, mas guardo amor em mim, mascarado por ressentimentos.
Eu perdoo, jamais esqueço, e, também, jamais deixo de me importar. O porquê eu não sei. Eu amo demais. E, tudo que é demais sobra.
Vou repensando no que eu fiz, no que eu poderia fazer. A ansiedade controla cada passo do meu dia, e, acredite, se algum momento eu te feri, tenha você me provocado antes ou não, ainda assim, eu penso em você, e não é, necessariamente, de maneira negativa. Eu penso porque me importo, porque não quero que você pense que sou o monstro que o meu momento de raiva e tristeza fez eu parecer que sou.
Sei que exagero às vezes, faz parte da minha filosofia de vida: amar e viver sem limites. Embora, na maioria das vezes, eu me arrependa.
Mas o arrependimento não significa nada, pois se você me provocar, como ser humano, orgulhosa e vaidosa que sou, eu me irritarei de novo e mostrarei as garras.
Depois me arrependerei de ter respondido sua maldade com outra maldade, porque quero ser boa constantemente, mas querer nem sempre é poder.
Sou falha também. Assim como uma mulher que se gaba constantemente de um dia, há anos, ter sido colega de escola da prima de um competidor das Olímpiadas.
- Ah, é o Pê jogando nas Olímpiadas, eu conheço. Fomos íntimos, fui superamiga da prima dele.
- Pê? – perguntam os curiosos, admirados, duvidosos...
- Sim, eu chamo de Pê pela intimidade, mas falo do Pedro Alves. Acredita que quando ele estava com 14 anos caiu no 2° andar? - Comenta a vaidosa, lembrando de sua colega de escola que contava aos amigos sobre o primo que sofrera um pequeno acidente, enquanto ela ouvia de longe.
- Legal, Marta. Legal você conhecer tão bem um jogador famoso” - respondem as pessoas em volta com um sorriso sem graça, alimentando a vaidade de Marta. Talvez por dó, talvez por preguiça de debater.
Era tudo o que ela tinha de interessante para dizer, enquanto se despedia da família e voltava para casa bagunçada, com boletos atrasados espalhados pela mesa, e um arroz pela metade na panela.
Era o que ela tinha. A memória de, há anos, ter estudado na mesma escola da prima do Pedro Alves, que ela, por intimidade, ou por esperança de ser próxima de alguém de sucesso, chamava de “Pê”.
Ah! Pois bem, retomando...sou falha como ela.
Deus nos fez pequenos e errantes. Embora eu já tenha ouvido que, na verdade, ele nos fez sem erros, e fomos nós que aprendemos a errar.
O ser humano é bom para aprender a errar. A julgar também.
Deus nos fez errantes, meros mortais, pequenos, ou nos fez limpos e criamos gosto pelo pecado com o tempo?
Foi ele mesmo quem nos fez? Ele existe?
Eu creio que Deus existe, como o cheiro das flores. Nem sempre sentido de longe, mas quando você se aproxima e inspira o ardor aparece. E depois você decide se continuará a regar essa planta e sentir esse cheiro. Você decide, e essa é a pior parte: decidir.
Decidir entre comer chocolate ou gelatina na sobremesa.
A dieta faz escolher a gelatina, mas a ânsia pelo açúcar, esse irresistível, faz escolher o chocolate. Eu li que chocolate amargo não engorda, se bobear, até ajuda a emagrecer. Mas eu prefiro o branco. Eu arrisco engordar uns quilos. Eu rio na cara do perigo.
Ops! Intertextualizei. Que delícia! Adoro brincar com a criação alheia. Falta saber criar? Eu não sei mesmo, veja bem, logo eu que decidi que seria escritora, cá estou escrevendo várias palavras aleatórias ao em vez de criar um romance, uma ficção, um texto de início, meio e fim.
Bem, me entendam, eu sou péssima em manter uma linearidade por muito tempo. Faz parte de um transtorno que talvez eu tenha, sei lá, minha antiga psicóloga que disse que eu poderia ter.
Peço que me entendam pelo erro na colocação pronominal anteriormente. Claro, se é que repararam. Sabe, embora eu ache a língua portuguesa incrível, ela é difícil. Talvez tenha sido por isso que escolhi cursar Letras, dou risada na cara do perigo, né!?
Huum, saiu poético: "Língua Portuguesa, essa perigosa."
Fez-me lembrar de Clarice, e do livro escrito pelo Julio Lerner: Clarice, essa desconhecida.
Amei esta obra. E essa mulher. E essa vida que ela teve. Toda misteriosa, aceitou dar entrevista apenas quando percebeu que estava a passos de partir dessa para uma melhor. Aliás, se foi melhor não sei, nunca estive em nenhum lugar que não fosse a terra. Eu acho, né? Vai que nos sonhos...bem, o espiritismo dita que nos sonhos saímos deste plano terrestre. E, eu acredito, sou bem flexível.
Seria legal ver Deus nem que fosse nos sonhos e, depois, voltar para o corpo e começar outro dia. Isso, se Deus existe. Eu acredito que sim, aliás sou beeem flexível.
Inclusive, amada Clarice, embora eu ame o mistério que tu causaste com esses comportamentos antissociais, menina, se fosse eu a chamada para uma entrevista, eu aceitaria correndo, boba!
Bem, a não ser que minha timidez interviesse nisso. Se bem que... sou como ti: ousada e tímida ao mesmo tempo.