Quando eu não mais existir
Quando eu não mais existir...
Procure-me entre o crepúsculo e a aurora do dia que está por vir
Procure-me entre o espinho e o perfume das flores, pois um precisa do outro para embelezar o jardim.
Quando eu não mais existir...
Procure-me entre o amor e o ódio porque o a precisa do o para se admitir
Procure-me entre a lagrima e o sorriso da inocência da criança.
Quando eu não mais existir...
Procure-me numa simples brincadeira, pois sempre fui muito simples
Procure-me numa preocupação de mãe pelo seu filho ao sair para tomar banho de mar.
Quando eu não mais existir...
Procure-me entre o inexplicado e as coisas que mesmo tendo explicação é melhor que não sejam ditas.
Procure-me entre o silêncio e o barulho que a madrugada mais sombria traz.
Quando eu não mais existir...
Procure-me entre a força que as ondas se debatem entre as pedras da nossa inconsciência e o coração gritando acorda alguém precisa de você e você de alguém.
Procure-me entre o céu estrelado de uma noite que desperta esperança e um céu nublado, angustiado com todo os medos que sugere uma tempestade.
Quero ser lembrada como alguém que sofreu, pois, em muitos aspectos da vida, não fui capaz de me fazer feliz, de chutar o pau da barraca, de gritar não, e vomitar o vomito dos angustiados, dos caluniados, dos revoltados, daqueles que tiveram vontade de matar ou morrer.
Apesar de reconhecer que seria injusta com Deus, porque O mesmo preparou uma missão toda especial para mim e eu não poderia fazer diferente.
Enfim, procure-me entre o sol e a lua ou entre o açúcar e o sal e você me encontrará na sua doce lembrança, pelo que eu fui, pelas lágrimas que derramei, pelos sorrisos que deixei.
El Marcolina