PALITO DE DENTES
Até pouco tempo o palito de dentes era disponibilizado em todos os locais onde se vendiam alimentos para consumo imediato.
Em vidrinhos com tampa de metal, fazia acompanhamento ao vinagre, azeite, pimenta e sal em galheteiros finamente decorados, em míseros e solitários paliteiros de plástico ou na própria caixinha com a estampa de uma moça sorridente sugerindo que, depois do uso, os seus dentes ficariam iguais aos dela.
Havia até o ritual de se colocar a mão em concha diante da boca ao palitar os dentes em público.
A visão mais comum nas saídas desses restaurantes era de pessoas com os palitos de dentes nos cantos das bocas, como prova de que a refeição tinha sido a contento e para causar inveja àqueles pobres de Jó, cujo poder aquisitivo não permitia frequentar “determinados ambientes”.
Mas como já diziam os romanos, "sic transit gloria mundi", toda glória é passageira e o palito de dentes, antes objeto de distinção e charme, hoje é demonizado, porque alguém descobriu que ele é o responsável direto por fissuras nas gengivas e o seu uso foi desaconselhado, cedendo seu honroso lugar prioritariamente para o fio dental, até que outro alguém descubra as inconveniências do uso deste novo herói que é disponibilizado com aparências, texturas e sabores variados.
Sem o aparato, distinção e glamour dos antigos tempos, alguns locais ainda disponibilizam os palitos de dentes, embalados individualmente com papel celofane ou plástico transparente em discretas caixinhas juntos com os pacotinhos de sal, de adoçante e aqueles guardanapos de papel engomado que, em vez de capturar, espalham a sujeira que se queria limpar.