Fênix
De origem Etíope, a Fênix, cuja cauda tem bonitas penas vermelhas e douradas, é retratada por uma ave sagrada que se ergue das Chamas. Isso porque ela possui a capacidade de renascer de suas próprias cinzas depois de ser consumida pelo fogo.
Perto do momento de sua morte, esse pássaro prepara um ninho com ramos perfumados onde se consome no próprio calor. Porém, antes de ser consumida totalmente pelas chamas põem seus ovos nas cinzas.
Para os gregos, a ave de fogo vivia durante muito tempo, além de possuir uma força imensa - o que corrobora sua simbologia da longevidade e da força.
Para os egípcios, a Fênix é o símbolo das revoluções solares. Por isso, está associada a cidade de Heliópolis, palavra que do grego significa “a cidade do sol”. Além disso, ela está intimamente ligada ao ciclo cotidiano do Sol, bem como das cheias do Rio Nilo simbolizando a renovação e a vida.
O mito dessa bela ave surgiu com o objetivo de explicar a natureza cíclica do nascer e do pôr do Sol.
Com o passar do tempo, a Fênix passou a ser um emblema de ressurreição.
Na Idade Média, os cristãos a consideraram uma ave sagrada, símbolo da ressurreição de Cristo, bem como do triunfo da vida sobre a morte.
Interessante notar que a figura da Fênix aparece em muitas culturas antigas. Todavia, seu significado e simbologia originais são preservados.
Trazendo a imagem e representatividade da Fênix para os anseios humanos, assim quem escolhe a sua imagem como norte a ser seguido pretende demonstrar capacidade de superação frente a um grande conflito ou sofrimento.
Por vezes, nos sentimos sozinhos, incompreendidos, no limite de um surto psicótico, com mudanças súbitas de humor, medo de ser abandonado pelos amigos e com comportamentos impulsivos, com medo constante de que as emoções fujam do nosso controle alternando essas emoções incontroláveis com períodos de estabilidade emocional.
Momentos estes em que demonstramos, em diversos casos, tendência para nos tornar irracionais em situações de maior estresse, criando uma grande dependência dos outros para conseguirmos estar estáveis.
Em alguns casos mais graves, podemos nos automutilar devido a enorme sensação de mal-estar interior.
Tais situações podem nos levar a perda de laços familiares e de amizade, o que gera solidão, além de dificuldades financeiras e de manter o emprego.
Muitas vezes, para o controle das emoções é preciso o uso de medicamentos antidepressivos, estabilizadores de humor e calmantes indicados por especialistas, até mesmo acompanhamento psicológico com a intenção de ajudar a controlar as emoções negativas e saber enfrentar momentos de maior estresse.
Nos vimos sem rumo, sem apoio, sem prumo.
Os sentimentos de raiva, tristeza, insegurança, medo ou revolta são algumas das emoções negativas que podem tomar conta da nossa mente, que chegam muitas vezes sem aviso e sem sabermos o que realmente causou este sentimento ruim.
Nem sempre é fácil vencer as emoções negativas, pois, muitas vezes, surgem de situações delicadas como discussões, excesso de preocupações, mudança de emprego, desgosto amoroso ou desilusões, por exemplo.
Exemplo da Fênix, nesses momentos em que o fogo das emoções nos consome, o que nos resta é preservar a capacidade de renascer de nossas próprias cinzas.
Não temos como impedir os sentimentos negativos, eles simplesmente surgem e nos consomem por dentro, mas podemos aprender com eles.
Nossa força interior é absurda e nos prova dia a dia que somos capazes de nos superar e renascer, a cada momento de desespero e desilusão, mesmo que busquemos essa dita estabilidade emocional nos outros, percebemos que ela sempre esteve e estará dentro de nós.
Conviver com essa Fênix interior não é fácil para quem não vive, imagine para quem precisa renascer a todo instante.
Nos perdemos constantemente dentro de nós mesmos e não podemos cobrar dos outros que nos encontrem: Nossa Fênix é nossa responsabilidade.
E, por mais que existam pessoas dispostas a ajudar nos reerguer sempre que identifica e entende nossos sentimentos, cabe a nós essa ressurreição em vida.
Imaginando o tormento da Fênix ao ser consumida pelo fogo, as únicas coisas que consigo pensar é na força interior que ela possui para se manter calma, usando aquele momento para identificar o motivo que causou aquele tormento, seu foco na energia de combustão a erguerá após a finalização daquele ciclo e principalmente a esperança e certeza de que aquele momento é único em si, mas não será o único a vir e que em cada ciclo ela se torna mais forte e dona de si.
Quando o mundo nos pede estabilidade emocional, devemos lembrar que não estamos sozinhos, não precisamos enfrentar essa transformação como se só a nós afetasse. Vivemos em sociedade, infelizmente, e esse fato faz com que tenhamos certas responsabilidades para com os outros e esses outros para conosco.
Podemos contar com certas pessoas para nos apoiar nesse controle emocional, como os ramos perfumados que encobrem nosso ninho incendiário, com seu perfume, lembra a Fênix que haverá saída daquela situação, não é o fim de tudo, mas um recomeço sempre.
Nossos entes queridos não são inimigos, muito menos a razão de nosso infortúnio, são a razão de nossa libertação, a quem devemos nos apegar para ter motivos para renascer, são a combustão que nos faz reviver para mais um dia.
Podemos nos incendiar e renascer a cada novo alvorecer. O que não podemos é viver esperando que alguém, um anjo salvador, um príncipe encantado, no resgate de infortúnios e nos leve para a felicidade eterna.
A Fênix, para se tornar Fênix, precisa estar só para se fortalecer, apenas nunca se esquecendo das razões que a levaram a reviver.