DO PRAZER DE ANDAR A PÉ
Dizem os cientistas, esses homens que estudam as coisas, que tudo que ocorre na terra, é cíclico. Acredito nisso. Essa semana que passou eu voltei a usar como meio de transporte, a força motriz do meu corpo, e não os cavalos excedentes do veículo automotivo, essa ferramenta indispensável de locomoção entre os homens nos dias atuais.
Pois é, vendi o transporte que me permitia economizar o combustível natural do meu corpo - mas que em contrapartida me deixava sedentário aos confortos da modernidade -, enquanto recebia a promessa de que o outro veículo que estava adquirindo não demoraria mais que uma semana para chegar. Palavra dita, palavra cumprida: uma semana. Porém, nesse intervalo descobri coisas do arco da velha, dentre elas, que o “ter” há muito é mais valorizado que o “ser”; que andar a pé lhe faz mais humano, mais compreensível, que lhe ajuda há ter mais tempo para refletir enquanto caminha; que o ato de caminhar pelas ruas da cidade lhe remete – em pensamentos - aos primórdios de sua infância e adolescência e lhe faz periódico das andanças dos tempos difíceis, onde economizar era a palavra chave para que a compra daquele livro sobre História Antiga fosse adquirido e não pesasse no orçamento do final do mês, enfim, essa semana me mostrou o quanto temos que avançar como cidadãos que vivem em coletividade e, principalmente, como pessoas que dividem a solidariedade.
Não estou reclamando, longe de mim! Mas, descobrir, por exemplo, que todos os seus amigos têm carros, porém nenhum deles mora no mesmo sentido que você, não é fácil de aceitar!
Passei por vários experimentos. Acordar mais cedo meia hora do horário que você costuma acordar sempre, para poder “pegar” o único ônibus que faz o percurso até o Campus, foi apenas uma amostra, por sinal, gratificante, dessa semana: respirei o ar ainda puro das madrugadinhas e pude contemplar, por várias vezes, o nascer do Astro-Rei em todo seu resplendor.
O exercício de perguntar aos colegas da Academia - quando dos términos das aulas diárias - se eles podiam dar uma carona até o centro da cidade me mostrou o quanto é concorrido o acento de passageiro de “um bicho de quatro rodas”: essa ação não é apenas o de dizer ou perguntar ao distinto companheiro, mas o de ficar confirmando sempre que a oportunidade se faz necessário (vou com você, viu?).
Descobri, também, que a vida de carona é sofrida. Normalmente desce na Cobal (parada oficial de ida e de volta do Campus) e percorre o caminho de lá até o centro, para depois ir à busca do seu bairro. E aí está à maior descoberta de todas: o centro da cidade tem zonas de riscos que você precisa ter muito cuidado quando for passá-la. Uma delas é o início da Rua Coronel Gurgel até a esquina com a Rua Felipe Camarão, um percurso feito abaixo do limite mínimo de velocidade permitida pelas pernas: as calçadas são palcos de tudo que você possa imaginar e é preciso malabarismo para driblar os camelôs que invadem o meio fio, com todo tipo de bugigangas, inclusive DVDs piratas de “Tropa de Elite”; as jovens que teimam em lhe entregar folders e lhe disputam como se você fosse um astro de Hollywood; de outras que insistem em lhe ofertar cartões de créditos, como se fosse de graça utilizá-los; de se embriagar com a poluição sonora, tanto dos carros, suas buzinas e sons que passam ao largo, quanto dos sons dos microfones acoplados a caixas possantes das lojas, onde seus “locutores” disputam o cliente na base da pressão dos tímpanos, enfim, me deu uma saudade imensa dos tempos em que nas calçadas – aqui e acolá – se via apenas um pano de veludo estendido no chão e nele, as peças de arame e cobre num artesanato produzido pelos hippies, que não poluíam nada, a não ser o próprio visual, que por sinal, eram bem menos agressivo, do que vemos hoje em dia nos chamados punks, moicanos, rastafáris e caras pintadas, que são desenhadas, grafitadas, tatuadas e o que se possa imaginar.
Enfim, andar a pé nessa semana me deu a oportunidade e o prazer de rever por alguns minutos, Altemir, colega de adolescência e participante do único bloco no único carnaval que brinquei na minha vida: os hippies. Fazia apenas 35 anos que nós não nos víamos. Estava na companhia de Ricardo do Paralelus e Maninho de Expedito Bolão e suas respectivas esposas, todos da mesma safra. Estava de passagem por Mossoró. Foi um prazer.
Dizem os cientistas, esses homens que estudam as coisas, que tudo que ocorre na terra, é cíclico. Acredito nisso. Essa semana que passou eu voltei a usar como meio de transporte, a força motriz do meu corpo, e não os cavalos excedentes do veículo automotivo, essa ferramenta indispensável de locomoção entre os homens nos dias atuais.
Pois é, vendi o transporte que me permitia economizar o combustível natural do meu corpo - mas que em contrapartida me deixava sedentário aos confortos da modernidade -, enquanto recebia a promessa de que o outro veículo que estava adquirindo não demoraria mais que uma semana para chegar. Palavra dita, palavra cumprida: uma semana. Porém, nesse intervalo descobri coisas do arco da velha, dentre elas, que o “ter” há muito é mais valorizado que o “ser”; que andar a pé lhe faz mais humano, mais compreensível, que lhe ajuda há ter mais tempo para refletir enquanto caminha; que o ato de caminhar pelas ruas da cidade lhe remete – em pensamentos - aos primórdios de sua infância e adolescência e lhe faz periódico das andanças dos tempos difíceis, onde economizar era a palavra chave para que a compra daquele livro sobre História Antiga fosse adquirido e não pesasse no orçamento do final do mês, enfim, essa semana me mostrou o quanto temos que avançar como cidadãos que vivem em coletividade e, principalmente, como pessoas que dividem a solidariedade.
Não estou reclamando, longe de mim! Mas, descobrir, por exemplo, que todos os seus amigos têm carros, porém nenhum deles mora no mesmo sentido que você, não é fácil de aceitar!
Passei por vários experimentos. Acordar mais cedo meia hora do horário que você costuma acordar sempre, para poder “pegar” o único ônibus que faz o percurso até o Campus, foi apenas uma amostra, por sinal, gratificante, dessa semana: respirei o ar ainda puro das madrugadinhas e pude contemplar, por várias vezes, o nascer do Astro-Rei em todo seu resplendor.
O exercício de perguntar aos colegas da Academia - quando dos términos das aulas diárias - se eles podiam dar uma carona até o centro da cidade me mostrou o quanto é concorrido o acento de passageiro de “um bicho de quatro rodas”: essa ação não é apenas o de dizer ou perguntar ao distinto companheiro, mas o de ficar confirmando sempre que a oportunidade se faz necessário (vou com você, viu?).
Descobri, também, que a vida de carona é sofrida. Normalmente desce na Cobal (parada oficial de ida e de volta do Campus) e percorre o caminho de lá até o centro, para depois ir à busca do seu bairro. E aí está à maior descoberta de todas: o centro da cidade tem zonas de riscos que você precisa ter muito cuidado quando for passá-la. Uma delas é o início da Rua Coronel Gurgel até a esquina com a Rua Felipe Camarão, um percurso feito abaixo do limite mínimo de velocidade permitida pelas pernas: as calçadas são palcos de tudo que você possa imaginar e é preciso malabarismo para driblar os camelôs que invadem o meio fio, com todo tipo de bugigangas, inclusive DVDs piratas de “Tropa de Elite”; as jovens que teimam em lhe entregar folders e lhe disputam como se você fosse um astro de Hollywood; de outras que insistem em lhe ofertar cartões de créditos, como se fosse de graça utilizá-los; de se embriagar com a poluição sonora, tanto dos carros, suas buzinas e sons que passam ao largo, quanto dos sons dos microfones acoplados a caixas possantes das lojas, onde seus “locutores” disputam o cliente na base da pressão dos tímpanos, enfim, me deu uma saudade imensa dos tempos em que nas calçadas – aqui e acolá – se via apenas um pano de veludo estendido no chão e nele, as peças de arame e cobre num artesanato produzido pelos hippies, que não poluíam nada, a não ser o próprio visual, que por sinal, eram bem menos agressivo, do que vemos hoje em dia nos chamados punks, moicanos, rastafáris e caras pintadas, que são desenhadas, grafitadas, tatuadas e o que se possa imaginar.
Enfim, andar a pé nessa semana me deu a oportunidade e o prazer de rever por alguns minutos, Altemir, colega de adolescência e participante do único bloco no único carnaval que brinquei na minha vida: os hippies. Fazia apenas 35 anos que nós não nos víamos. Estava na companhia de Ricardo do Paralelus e Maninho de Expedito Bolão e suas respectivas esposas, todos da mesma safra. Estava de passagem por Mossoró. Foi um prazer.