QUANDO O HÁBITO REALMENTE NÃO FAZ O MONGE!
Este caso já aconteceu quando eu trabalhava como auxiliar de assistente social num renomado hospital de São Paulo. É bom ressaltar que os nossos aventais eram brancos, o que poderia deixar uma pessoa incauta pré-julgar que fosse médico. A minha função era fazer uma entrevista preliminar com os pacientes ou acompanhantes, orientando-os sobre os documentos necessários para a respectiva matrícula e posterior atendimento. Só que no afã de ser logo atendido, dependendo do caso, alguns achavam que estavam conversando com um médico residente etc. E certo dia, ao atender uma senhora que estava acompanhada da filha de apenas 21 anos, por sinal, muito bonita, quase a minha idade que era 24, caprichei no atendimento, sem por nenhuma dificuldade e sempre puxando brasa para a minha sardinha, fazendo perguntas que nada tinham a ver com a rotina do meu trabalho. Se elas desconfiaram o meu interesse, não sei, o importante é que agi com uma gentileza fora do normal, chegando acompanhá-las até à sala do verdadeiro atendimento médico. Na volta, passaram por livre e espontânea vontade na minha sala para me agradecer e falando que voltariam na próxima semana, ao que o babão aqui falou:
- Vou contar os minutos para este dia.
E assim aconteceu. Realmente o retorno aconteceu e desta vez já fiz um convite para um café e um rápido passeio nos jardins do hospital. Papo vai, papo vem e no final surgiu um inesperado convite para ir até à casa daquela paciente e filha. Convite aceito no dia marcado. Aqui ele já ficou logo sabendo que aquela jovem tinha terminado um noivado há pouco tempo e a sua mãe já estava "farejando" outro relacionamento para ela, que também não demonstrava nada de boba. O tempo foi passando e um namorinho começou, incluindo, cinema, parquinho de diversões etc. Realmente estava rolando uma química. Até que certo dia foi a vez da genitora daquela jovem puxar brasa para a sua sardinha e começou a falar em noivado, casamento e o papo foi ficando sério. Aos poucos fui pisando no freio naquele relacionamento até o dia em que ela não resistiu e quis saber mais sobre a minha pessoa, minha profissão, minha família, o que achei natural e procurei não omitir ou mentir em nada. Nesta ocasião senti como um castelo de cartas havia se desmoronado para aquela família. Pois cheguei à conclusão que as duas achavam simplesmente que eu fosse médico ou quase formado nesta profissão. Puro engodo, devido apenas pelo avental branco que eu usava no meu serviço. Resultado: na semana seguinte, através de uma carta e um telefonema fiquei sabendo que aquela jovem tinha reatado o noivado, o que eu apenas desejei felicidades e cuidado com futuras frustrações, movidas por interesses descabidos, levados só pela aparência. E ratifiquei : "DE LONGE, TODAS AS MONTANHAS SÃO AZUIS!"