AVENTURAS NA PESCARIA.

Quando criança eu amava pescarias, tanto que, certa vez eu estava na beira do rio, vara de pescar nas mãos, embornal do lado, latinha com minhocas do outro, contemplativo e silencioso, aguardando o momento exato de fisgar o peixe ideal. Não havia dias específicos para pescar, no entanto, eu tinha preferência para quando chovia bastante, geralmente a água do rio ficava turva, propiciando a pesca de bagres, um tipo de peixe que tem preferência por água suja.

O meu pai me acompanhava na maioria das vezes, guardo excelentes lembranças das nossas aventuras à beira do ( ribeirão) como costumamos chamar aquele pequeno rio de águas caudalosas. Foram tantos os bons momentos, manhãs banhadas de sol, ao som de pássaros harmoniosos, o cheiro do mato molhado, o orvalho nas folhas verdes, a natureza toda exibida, radiante, de encher os olhos e os corações de qualquer observador. Muito mais do que o desejo de fisgar um grande peixe era o de simplesmente estar naquele reino encantado da minha infância. Quisera eu poder voltar no tempo e reviver esses doces momentos.

Em uma dessas pescarias estava o meu saudoso tio Geraldo, ( falecido recentemente ), e o meu primo Adriano, na ocasião fomos pescar em uma represa. Se não me falha a memória, o dono era um japonês, Makoto, a represa era próxima de uma plantação de milho, ou era, havia apenas mato e a represa, por ser aberta, ficava à disposição dos pescadores locais. Lá estávamos, vara de bambu nas mãos, embornal do lado, entre risadas e brincadeiras não percebemos a perigosa presença de "bois", pouco amistosos, incomodados com a nossa presença. Não demorou para percebermos a ligeira aproximação desses quadrúpedes irritados, que nos fez correr feito loucos buscando um abrigo seguro morro acima. Depois do susto, risadas não faltaram.

Episódios como esse envolvendo pescaria não se repetiu novamente, pelo menos com esse que vos escreve. Houve outro momento, anterior a esse, onde eu estava passeando à beira do mesmo ribeirão, na ocasião eu estava com outro tio. Não estávamos pescando, apenas caminhávamos, chegando próximo a certo lugar, onde havia bois e vacas, esse meu tio, desprovido do bom senso, começou a provocar os animais retirando uma camisa "vermelha" do corpo e balançando para os animais. Acho que ele pensou ser um toureiro. Não demorou para uma das vacas partir em disparada em nossa direção. Foi exatamente nesse dia que eu aprendi a nadar, não tinha morros ou cercas próximas, apenas o riacho... Caríssimos amigos, até hoje eu não sei se aquele lugar do onde atravessei era fundo ou não, sei apenas de uma coisa, aprendi a nadar como um peixe naquele dia, atravessei do outro lado e corri como nunca antes. Era frequente essas aventuras, quem já morou em fazendas sabe bem do que estou falando.

Hoje estou em uma selva de concreto e aço, o meu reino encantado ficou no passado, sinto saudades das pescarias, dos apertos correndo de bois bravos, cachorros raivosos, enfim, foi um período maravilhoso da minha vida. Volto a dizer, quisera eu retornar no tempo e reviver esses doces momentos da vida.

Tiago Macedo Pena
Enviado por Tiago Macedo Pena em 24/09/2023
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