ENTRE ADMISSÃO E DEMISSÃO DE UM EMPREGO, O TEMPO DE UMA GESTAÇÃO
Depois de muito tempo trabalhando até me aposentar, jamais tinha pensado na coincidência deste detalhe numérico que foi o tempo que levei para conseguir o meu primeiro emprego e também perdê-lo: nove meses exatamente.
Senão vejamos: cheguei nesta megalópoles paulista no início do ano de 1970, recém-saído de um colégio interno ou mais precisamente de um seminário, onde estudava para me formar num sacerdote para orgulho da minha mãe. Sem nenhuma experiência trabalhista jamais imaginaria que para arrumar o meu primeiro emprego fosse tão difícil como realmente aconteceu. Após regularizar os meus documentos, estimulado por minha família, fui à luta. No início só saía no começo da semana. Com o tempo passando e sem conseguir nada, nenhuma promessa, pois sempre nas entrevistas estava falando a verdade, que fazia parte da minha formação religiosa, a minha e irmã e futuro cunhado apelaram para uma tática um tanto maquiavélica e me estimularam a inventar algumas verdades na hora de alguma entrevista, principalmente no que se referia a alguma experiência de trabalho. Embora com a carteira profissional em branco, orientaram-me a responder quando perguntado se tinha alguma experiência, teria que afirmar, sem titubear, com todas as letras que já tinha trabalhado, embora não tivesse como provar isto, pois havia perdido o documento comprobatório, na mudança de domicílio. Conversa vai, conversa vem, numa destas entrevistas, após passar no teste teórico, o entrevistador resolveu me dar um voto de confiança e aprovou a minha demissão. Estava empregado num Banco importante de São Paulo. Sem problema nenhum comecei a trabalhar, passando a ajudar no aluguel da nossa casa, uma vez que passei a ser arrimo de família, logo após os casamentos de minha irmã e logo depois do meu irmão. Transcorria tudo muito bem, tudo muito bom até que com a mudança de domicílio, atendendo a sugestão da minha mãe, logo após passar da minha experiência, pedi uma transferência para o Banco da minha região, alegando que ficaria mais perto, evitando possíveis atrasos etc. Coincidência ou não, o certo ou errado foi que por este tempo, a rede bancária em que eu trabalhava ao unir-se a outro Banco, teve que dispensar alguns funcionários mais novos e nesta demanda sobrou pra quem? Após nove meses de trabalho, antes um pouco de tirar férias, sobrou pra mim . São coisas que acontecem na vida em que não encontramos explicações: coincidência? Injustiça? Só Deus sabe!