A história de um velho Ipê
Bem na entrada daquela pitoresca aldeia, havia um pé Ipê amarelo, segundo os velhos que moravam bem próximo dali, diziam que Ele era centenário, pois os seus pais brincaram e descansaram em Sua sombra.
O tempo passou e o Ipê Amarelo, foi ficando velho e aos poucos ia se definhando, mas mesmo assim em toda primavera, florescia abundantemente. Pássaros faziam ninhos em seus galhos mais altos, outros apenas passavam a noite ali, para seguir para o sertão. As abelhas faziam grande festa ao colher néctar de cada flor.
Um certo dia passou, um daqueles funcionários incompetentes, que certamente toda prefeitura tem e disse que o mesmo seria abatido, e sua lenha seria usada na olaria, na queima de tijolos.
O Ipê Amarelo no primeiro instante entrou em pânico, mas depois se conformou, pois já tinha visto milhares dos seus irmãos sendo sacrificados devido a ganância humana.
No outro dia toda aldeia em pranto, foi dar um ultimo adeus ao amigo centenário. Para o espanto de todos, o velho Ipê Amarelo começou a falar e deixar alguns conselhos aquela gente tão humilde.
Para você que me ouve: Cresça em direção da luz. Quem nasceu para brilhar, não precisa lustrar. Mantenha-se firme em pé diante das adversidades da vida.
Lembre-se de suas raízes, o importante é a essência e não a aparência. Ofereça sombra, abraços e carinho para a visitas. E lembre-se que a vida é feita de estações. Aguente firme às estações desfavoráveis.
Não importa onde você foi plantado. Floresça e frutifique em todas as estações da vida. E aprecie a vista, durante sua breve passagem pela vida."
O velho Ipê emudeceu e começou a chorar, todos choraram também desde as crianças até aos mais velhos. O céu também chorou e ás lágrimas vieram de copiosa chuva caiu naquele exato momento.
No outro dia chegaram aqueles homens embrutecidos, com suas moto serras e tratores. E o velho Ipê deu seu ultimo suspiro e morreu. Dias depois os fornos da olaria trabalhavam a todo vapor. E o que restou do Velho Ipê foram jogados na fornalha. Em pouco tempo tudo virou cinza, e uma fumaça amarela que saia da chaminé, tomou conta de toda aldeia e o ar ficou impregnado com a fragrância das flores do Ipê.
Com a chegada da chuva, o milagre aconteceu, por toda aldeia nasceram dezenas de pés de Ipês. Eles cresceram e florescem o ano inteiro. E a aldeia é conhecida no mundo inteiro como terra do Ipê amarelo e toda tarde um cálido vento que vem do Itambé, enche a aldeia de um raro perfume com cheiro de Ipê.
E uma marca de perfume francês, a tão conhecida Chanel, criou um raríssimo perfume, chamado "Ipê Amarelo number five".
Esta linda história de ficção, fiz para Sofia e Teodoro.