ONTEM, NO SHOPPING
Tenho a plena certeza de que não era, mas parecia a antecipação da festa das bruxas, o desfile que assisti enquanto, sentado num banco de corredor, aguardava a minha esposa que, com a recomendação – por favor, me espere aqui - entrou na loja de cosméticos para comprar as “desnecessidades” atraentes ao sexo feminino.
Os bancos disponibilizados aos frequentadores são propositalmente desconfortáveis, porque o marketing recomenda que os visitantes circulem para ver as vitrines e se encantem com as novidades (nem sempre novas) das promoções ofertadas com os preços 20/ 30/ 50% menos dos 100% acrescidos aos antigos valores...
A moda, que antes fazia com que as roupas e penteados fossem iguais, quase fardamento, agora não impõe limites para a criatividade (chula) das pessoas que não têm quem lhes digam que “aquele visual” não combina com seus corpos, bem acima do peso em sua maioria e que passar o pente no cabelo não mata ninguém.
Roupas esfarrapadas, curtas, longas, apertadas ou exageradamente largas, tatuagens, piercings, maquiagens apropriadas aos palhaços mambembes, cabelos desgrenhados além dos “insatisfeitos” com o sexo biológico, fazem parte do desfile que nos dá a sensação de que estamos na antessala do circo dos horrores ou das portas do inferno.
As crianças, miúdas ou crescidas, muitas, muitas mesmo deram o toque de beleza pela felicidade estampada nos rostos sorridentes por estarem portando as coroas de quem comeu os “fast-food” das redes internacionais, os balões de gás, algodão doce, sacos de pipoca, sorvetes ou dormindo o sono dos anjos em carrinhos ou nos braços dos pais...
Alguns deles, além das roupinhas apropriadas calçavam tênis multicoloridos seguindo a tendência dos pares de meias e sapatos desencontrados lançada por Dobby, o elfo doméstico da série Harry Potter.
O casal de namorados na sorveteria, enlevados pela presença do outro e alheios a tudo e a todos, deu-me a certeza de que os costumes não morreram e de que homens ainda sabem que o nosso papel na Espécie Homo sapiens pode ser definida pelos três P (Proteger, prover e procriar) e que as mulheres, como as ninfas, sabem como encantá-los...
GLOSSÁRIO
Elfo – na mitologia nórdica, ser de luz, que realiza pedidos.
Fast-food = comida rápida
Harry Potter – Personagem central da obra de mesmo nome da autora inglesa J.K. Rowling
Ninfas – na mitologia grega, divindades espirituais que habitavam a natureza.