Uns parênteses

Hoje é manhã de sábado, faz sol. Não sei dizer se é porque é sábado. Estatisticamente (vi no Horóscopo) manhãs de sábado são ensolaradas. Na exata proporção 8/10, tirando os nove fora (claro).

(Nunca entendi essa matéria dos nove fora.) Abro um (ou dois?) parênteses aqui (ou melhor: lá atrás) para dizer. A fim de clarear essa evidência ("afim", junto ou separado?), vou ao ChatGPT (o ChatGPT é muito inteligente) para que ele me explique, como se explicasse a uma criança detestadora de matemática, o conceito e a elucidação do que venha a ser "Os nove fora".

Sempre associei os nove fora aos seus oito precedentes. Assim, a impressão é a de que tem algo a ver com namoro. Afinal, em língua falada, ninguém é tão besta a ponto de nunca ter levado um fora (ou vários, mais comumente). Aí fui ao ChatGPT tirar os nove fora.

A ferramenta que atual e satisfatoriamente (diz a estatística) vem substituindo "O Pai dos Burros" (ou o professor?) me dá uma aula sobre "Os nove fora", nos seguintes termos: "Os nove fora' é uma expressão usada quando algo não está mais incluído ou não faz parte de algo. É como dizer que alguma coisa não está mais dentro de um grupo ou não é mais importante".

Feito criança não iniciada na matéria (e, fatalmente, nunca fui mesmo, prova disso são minhas dezessete reprovações e duas recuperações em matemática, quase todas por conta e na conta dos Nove fora), peço ao ChatGPT que seja mais específico.

(Ora, na condição de professor não praticante, sei que não se pode dar uma aula sem dar exemplo, de preferência no plural.)

Então ele me vem com este: "Imagine que você tem uma caixa de lápis de cor e, inicialmente, há nove lápis dentro dela. Agora, se você pegar um lápis e o colocar fora da caixa, você pode dizer que 'os nove fora', porque agora só tem oito lápis dentro da caixa, e um está fora. Ou seja, aquele lápis não está mais fazendo parte do grupo dentro da caixa, ele está fora."

Ainda insatisfeito com a explicação, recorro a sua paciência docente, no momento em que lhe escrevo pedindo que (re)formule resposta (desta vez, como se explicasse a um bebê sóbrio em estado de desconhecimento geral matemático), então ele me vem com umas reticências...

(Diante das reticências, receoso, fechei o sapientíssimo. Não esperei o que vinha despois das reticências... Depois das reticências, assim como em matéria de namoro, pelo menos em 8/10 casos por cento, vem sempre algo a não acrescentar. Talvez não fosse a solicitação, concedendo-me a prerrogativa de mais um (junto ou agarrado?) exemplo. Decidi não arriscar, tirei os nove fora, e a conta fechou em desempate técnico.)

Damião Caetano da Silva
Enviado por Damião Caetano da Silva em 23/09/2023
Reeditado em 24/09/2023
Código do texto: T7892204
Classificação de conteúdo: seguro