Mudança de Vida
Os entendidos diriam que a vida de uma pessoa tem uma rotina a princípio imutável onde cada ousadia realizada é considerada um pecado digno de um auto de fé da Inquisição.
Aqueles que jogam o coitado ou a coitada na fogueira por ser, pensar e agir de modo diferente dos demais.
Um herege, pra ser mais exato.
No meu caso, foi arriscar tudo que tinha feito em busca de retirar da gaveta o sonho de ser pelo menos um competente escritor que joga nas onze.
Capaz de escrever qualquer coisa digna de nota e do tema que vier na mente que trabalha de modo alucinante enquanto monto a crônica.
E nesse processo, é fundamental procurar qualquer local que sirva de treinamento para ativar essas palavras.
Até mesmo o próprio restaurante que almoço perto da Bibliotheca Pública Pelotense é chamado de Boteco Copa Rio.
E a ala minuta deles é uma beleza. De dar água na boca e de comer com alegria. A de alcatra é a minha preferida, mas gosto de variar a ala minuta devido as carnes de qualidade que colocam.
Hamburguer, picanha e entrecot. Uma delícia.
A música lá é pagode, como todo bom boteco carioca que se preze. E pensar que na minha adolescência e depois na época de faculdade, odiava pagode.
Mais porque não entendia naquele momento a alegria de algumas músicas além de seguir regras que não eram minhas.
A regra da casmurrice extrema.
Além do problema com os sons altos que fazem-me confundir minha cabeça.
Ao longo do tempo, contudo, aprendi a respeitar aqueles apaixonados por este gênero e até arrisco cantar um pagode de vez em quando.
A doce ironia do destino é gostar de almoçar lá utilizando as mesas como base para futuros trabalhos.
É ou não é uma mudança de vida?