Saudade da Terrinha
ACHO que as pessoas que nasceram e viveram sua infância, adolescência e até parte de sua vida adulta no interior não esquecem suas raízes. Sempre relembram saudosos e telúricos a sua terrinha, sua patriazinha; e, sejamos francos, não raro marejam os olhos. Veem constantemente cenas do passado ao vivo e coloridas.
Sou um saudosista inveterado. Confesso. Sinto orgulho de ser e continuar sendo um matuto. Resguardo, cuido e preservo minhas raízes, inclusive minha linguagem. Nunca canso de relembrar meu interior, meu agreste/sertão. Continuo, juro, o mesmo matuto. Graças a Deus. Isso não quer dizer que não admite a cultura das cidades grandes, mas a minha fixação e prioridade, meu amor, é pelo interior.
Costumo lembrar minha terrinha ouvindo música e uma das que mais me enternece é “Interior”, de Rosinha Valença, na voz da Rainha Maria Bethânia. Transcrevo a letra:
“Maninha me mande um pouco/ do verde que te cerca/ um pote de mel, meu coleiro cantor/ meu cachorro Veludo e umas jabuticabas// Maninha me traga um pé/ de laranja-da-terra/ mas traga também um pouco de chuva/ com cheiro de terra molhada// um gosto de comida caseira/ um retrato das crianças/ e não se esqueça de dizer como vai minha madrinha// e não se esqueça de uma reza forte contra mal olhado/ e não se esqueça de uma reza forte contra mau olhado”.
Ouçam a música. William Porto. Inté.