Traição

Já foi dito aqui sobre o traidor e o que o leva a trair, por se tratar de ser o maior dos maiores medos da humanidade a traição merece um novo papel.

O ser humano vive em sociedade e, como um ser sociável, precisa conviver com as mais diversas formas de manifestações.

Vive diuturnamente cercado de pessoas nas quais confia ou não, isso faz com que a sensação de insegurança e medo se amplifique.

Supõe se que a traição virá de quem não se confia, mas para essa ação o ser humano já está preparado, se arma antes mesmo de qualquer coisa acontecer, o que por vezes nem acontece, mas não custa se prevenir.

Uma frase atribuída a Maquiavel traduz uma grande verdade, mas deve ser invertida para tornar a premissa que se baseia esse relato verdadeira: “Mantenha seus amigos por perto, e seus inimigos ainda mais perto”

Se der aos inimigos a desconfiança certeira, é necessário reescrever a famosa frase da seguinte forma: “Mantenha seus inimigos perto e seus amigos mais perto ainda”

As grandes traições não são advindas de inimigos, mas sim de quem menos se espera, dos amigos, das pessoas a quem se baixa a guarda, pois destes jamais se esperaria uma ação tão baixa.

Invariavelmente, o ser sociável pronuncia as seguintes frases: “nesta pessoa eu confio de olhos fechados” ou “coloco a mão no fogo por fulano”. Sinto dizer, mas vez ou outra terá seu olho furado ou as mãos queimadas.

A traição de quem se oferece o mais profundo sentimento - o amor, a amizade, a compaixão - fere de forma tão profunda que inspira todas as expressões de arte.

É o grande temor humano, o mais famoso sentimento retratado desde os primórdios da sociedade, grandes líderes sucumbiram por terem sido traídos por aqueles a quem confiaram tudo, faz parte da história humana.

Dito isto, restam alguns questionamentos:

É possível voltar a confiar no ser que te traiu?

Voltaria a colocar a mão no fogo, mesmo vendo as marcas das queimaduras anteriores?

Confiaria cegamente, na pessoa que lhe fez perder a visão?

Ao ser traído uma vez por alguém a quem confiou seu maior dom fornecido por Deus, a capacidade de amar, perde-se um pouco da ingenuidade do início.

Mesmo acreditando fielmente que aquela pessoa mudou, lhe deu provas de que não voltará a te trair, o medo de ser traído sempre estará presente.

Será?

Será possível perder esse medo?

Voltar a confiar em quem te traiu?

Curar as feridas de forma que, mesmo deixando marcas eternas, não lhe farão mais mal algum?

Perdoaria realmente a traição consumada?

Como relembra um ditado popular: “se alguém te enganar uma vez, a culpa é dele; mas, se te enganar pela segunda vez, a culpa é sua”.

É possível voltar a confiar no ser humano, não só em quem te traiu, mas em quem quer que seja?

Se foi traído uma vez, quem garante que não será traído de novo por outra pessoa?

Muitos questionamentos, cujas respostas cada um deve buscar dentro de si.

Só digo que não é uma tarefa das mais fáceis!