PAISAGEM
Ontem eu estava de carona no carro. E por onde rodava, ia sorvendo a paisagem. Mas lá “pras bandas” de Santo Antônio do Monte, num espraiado, vi o gado pastando e a sede da fazenda ao fundo, guarnecida de árvores do pomar. Por ali, moitas de bambu, onde adivinho ter um grande açude. Mas o que deixava a cena tão bonita era o sol! Ele estava prestes a se despedir do dia e sua luz era tão bonita que engoli o choro. E experimentei uma emoção legitimando minha humanidade. Fiquei pensando: para mim, o nascer do sol é muito bonito! Traz um dia “novinho em folha”, uma verde esperança, um recomeçar. Mas o pôr-de-sol, ah não há nada mais bonito no mundo! Tenho sempre a ideia do dever cumprido, chegada a hora do descanso e, sobremaneira, gratidão! Gratidão a Deus pela vida, por testemunhar essa imensa graça que é viver. Gratidão aos meus pais pelos ensinamentos, aos irmãos de sangue por multiplicarem em mim a ideia de dividir, aos meus filhos por me ensinarem a ser mãe, aos anjos de carne e osso que me socorrem nas piores fases e a toda gente do meu mundo! Obrigada a quem me fez mal e a quem me fez bem. Eu me relaciono com essas pessoas de algum modo, seja através do perdão para quem me machucou, seja através da implicação que o bem me “obriga” a devolver o bem. E não há nada mais edificante do que isso: desejar ser melhor do que fui ontem.