Aniversário de viagem do meu pai (sobre saudade, música escrita por Djavan para ele e sobre meu coração apertado)
Quando ouço forró com olhos fechados consigo sentir meu pai. É automático. Não demora. Ontem ouvi bastante Forró e bastante Djavan. Bastante Gonzaga e Gonzaguinha. Repeti 899 vezes a canção Pense N'eu...
Ontem Djavan cantou uma música para ele. Acredito que tem a ver com minha insistência em ouvir Djavan desde quando voltei para minha casa (em Luanda).
Em verdade sonhei que Djavan fez uma música para um poema que Rafael escreveu (meu marido). Isso foi dia 8 de setembro. Ontem, Djavan cantou uma canção para homenagear painho. Uma amiga minha disse que meus sonhos são luxuosos. Nós demos muita risada à cada sonho que contei para ela. Realmente são luxuosos.
A música ontem falava sobre a alegria de conhecer a música autenticamente nordestina, brasileiramente nordestina e sertaneja, logo na infância, das mãos de painho. Falava de saudade e de reencontro nas ondas de uma melodia. Ele sempre teve gosto musical requintado. Nunca deixou de ouvir música. Infelizmente esqueceu-se como ligar o aparelho de som… já perto de ir-se embora.
Um dia, em 2019, perguntei se ele queria ouvir música, ele disse apenas, se você quiser. Eu botei o cd de Luís Gonzaga. Ele falou assim, acho que esse é Gonzagão né? Foi a última vez que vi painho em carne e osso. Veio a pandemia e me tirou a possibilidade de vê-lo no Planeta Terra em vida física, novamente.
Hoje estava na Aplicação de Reiki para a Terra, e chorei bastante. Fiquei perto de um local onde tem umas bananeiras, elas me lembram a roça de cacau de painho e mainha. O meu amigo Costelinha me socorreu. Ficou comigo até o final do Envio de Reiki para a Terra. Como enviei Reiki para a Terra, meu pai também recebeu Reiki.
Quando estava a dormir com minha mãe, já por esses últimos dias na Bahia, ela disse que eu me encolho igual painho, quando dormia. Ela conversou um pouco sobre ele, sobre eles e sobre o vazio. Sobre o cansaço, sobre sua vulnerabilidade, sobre estar bem e mal… Sobre estar cansada, enfim. Mas num repente levantava e dobrava as cobertas.
Quando deu São João, fui para o arrasta pé na casa de minha irmã Selma. O cunhado Valfredo colocou a playlist Forró do Bom, o Forró autêntico. Senti saudade… mas foi agradável. Falamos sobre os bons tempos das fogueiras nos Bairros e dos arrasta pés em casa de mainha e painho. Ele dançou com seu par, minha irmã Selma, eu e minha irmã Neide arriscamos uns passos.
Mesmo coloridas, as bandeirolas de hoje não tem o mesmo bailado ao vento. É como se tivessem desaprendido dançar o xote do vento. É como se tivessem reumatismo nos quadris. Mas houve Forró. Teve bandeirola e canjica e milho cozido. E tome Forró, e engole a saudade…
Letra da música do sonho, cantada por Djavan.
Quando sentir saudade ouça o melhor Forró
Acenda um fogo de pau
Escreva uns versos de amor
Quando não aguentar, encomende um licor
Rale milho pra canjica, compre um vestido de flor.
Se não der jeito escute bem alto
O som que aprendeu muito na infância
As melhores músicas do Nordeste
Terra de peão trabalhador
Não deixe de botar sandália barulhenta
Para riscar e fazer xapxapxapxap
No chão onde for dançar
Não esqueça de sorrir
Porque forró com cara amarrada
É de amargar
Solineide Maria (Duduzinha)
Honro sua existência no Planeta Terra, painho.
Segue a Luz Divina.
Luanda, 21 de setembro de 2023.