A importância das coisas

Da mais tenra idade ao fim da vida, somos obrigados a tomar decisões, atitudes, sejam simples ou complexas e cada decisão não só altera o curso dos acontecimentos como define nosso caráter, a forma como vemos a vida e como ela nos vê.

Para entender melhor o que estou querendo dizer precisamos entender como nossas atitudes são regidas.

Algo nos é apresentado e precisamos reagir a isso. O que poucas pessoas raciocinam é que, entre a apresentação da questão e a reação há “sempre” um breve espaço de tempo em que é necessário analisar alguns elementos que farão toda a diferença na tomada de decisão, quais sejam: o que e como fazer, porque fazer, para que fazer e o que levou a ser feito.

Com o entendimento desses elementos, conseguimos compreender a importância de cada atitude tomada ao longo da vida e a razão que as envolve, permitindo assim que tenhamos consciência do nosso papel no processo executório.

Quando pensamos em processo executório imaginamos algo fora do nosso cotidiano, talvez no meio empresarial, gerencial, jurídico, mas não do dia a dia, o que faz com que incorramos em erros pelos quais todo nosso futuro próximo ou longínquo será afetado.

Após a análise destes elementos inseridos no contexto da reação a ser tomada, poderemos compreender a importância daquele passo e quais as consequências recairão sobre nossas vidas.

Muitas pessoas se casam sem analisar os elementos descritos aqui e em um certo ponto do relacionamento se perguntam como chegaram naquela situação, estão insatisfeitos, amargurados e não sabem como mudar isso.

Outras pessoas aceitam um desafio, um trabalho novo, um projeto, sem analisar os elementos que irão reger aquela situação, em um certo ponto tomam consciência de que não conseguirão entregar o solicitado, ou se sentem subutilizados ou são levados pelo momento e fazem as coisas de forma morna, mecânica, não entendem a importância de seu trabalho para a organização e para si mesmos.

Uns continuam por anos a fio, uma vida inteira, naquela situação, acomodados, acreditando que não têm outra saída; outros se amarguram ao invés de melhorar o trabalho que fazem.

Algumas corporações empresariais falem - talvez por falta de gestão, talvez por desvios de valores ou ainda crise econômica - mas seus gestores não conseguem compreender o porquê de aquilo ter acontecido, não se deram conta da importância dos acontecimentos que vieram dando sinais e foram despercebidos.

Os sinais aparecem, nós que não percebemos, não analisamos os elementos.

Exemplos variados nos marcam em campos diferentes, um cliente novo, um novo projeto, um casamento, um novo emprego, o que têm em comum? Podem transformar definitivamente nossas vidas, são ações cujas reações nos levarão a outros rumos talvez sequer imaginados.

Os elementos aqui colocados servirão para termos melhor conhecimento da importância de cada uma dessas ações e dos impactos em nosso dia a dia e nosso futuro.

São questões que não precisam ser externadas, apenas racionalizadas, questionadas a nós mesmos para que tenhamos condições de reagir com consciência, para que não sejamos pegos de surpresa quando nossos atos desencadearem outras ações e reações.

Compreender nosso papel naquela proposição, a importância que terá em nossa vida profissional ou pessoal e de que forma seremos impactados por ela, essa é a questão, quando se tem a conscientização do todo torna-se mais explícito o que está implícito, permitindo a consciência da maneira como se comporta aqui e agora, objetivando o entendimento do porquê daquela situação e a importância dela em nossas vidas.

A visão do todo a partir da análise dos elementos aqui expostos, é a chave para o entendimento do seu lugar naquele ambiente, poderemos identificar a completa dimensão física, cultural e emocional da questão apresentada, podendo assim decidirmos se devemos ou não seguir aquele caminho, sabendo que cada passo que dermos será de nossa inteira responsabilidade.

Assim, se decidir aceitar o caso jurídico, após analisar todas as questões que impactarão a vida daquela pessoa, deverá ter a consciência de que a liberdade alheia estará em suas mãos e que seu trabalho deve ser feito de forma a conseguir o melhor resultado possível, sob pena de ser (para si) um péssimo profissional.

Se aceitar fazer parte da equipe que deverá entregar o projeto apresentado pela empresa em que trabalha, após analisar todos os elementos envolvidos na questão, deverá se dedicar de corpo e alma àquilo, com consciência de que seu trabalho impactará no trabalho de todos os envolvidos e que a empresa conta com o sucesso do projeto, entendendo assim a importância de sua função e as consequências de sua falha.

Se aceitar casar deverá ter consciência deste ato e do impacto que terá em sua vida, questionar-se-á se psicologicamente está preparado para tamanha responsabilidade. Um casamento impacta a vida não só de duas pessoas, mas de toda a rede familiar de ambos os envolvidos, principalmente se dessa união advir filhos ou patrimônio financeiro.

Se decidir sair de sua zona de conforto a aceitar o desafio de um novo emprego, deverá pesar quais as consequências desse ato e se esse novo emprego lhe trará o que busca, correndo o risco de não analisar a questão como um todo e acabar se frustrando ainda mais ou não atingindo suas expectativas.

Em outra digressão escrevi sobre atos e consequências, levando em consideração uma das leis de Newton: “Toda ação tem uma reação”. Nessa digressão foi dito que os atos praticados, ações, levam a outros atos e novas consequências, entrando numa trama, sem precedentes, onde não se consegue definir onde começou o efeito.

Aqui não é diferente, quando uma ação é imposta e reagimos de forma inconsequente, sem pesar e pensar nos elementos, corremos o risco de sermos pegos de surpresa por alguma outra ação desencadeada sem controle e previsão, que será inteiramente nossa responsabilidade, como a prisão da cliente, a não conclusão do projeto, a perda do emprego, o fim do casamento, a permanência em um emprego que não lhe fornece satisfação por ter tido medo de arriscar ou a troca de um emprego por outro que é muito pior.

Como dito no outro texto, você pode agir sem pesar as reações que suas ações irão ocasionar, mas acredite alguma consequência terá, cabe a você arcar com a responsabilidade dos seus atos.

Conhecer a importância das coisas que você faz, vive e convive, compreendendo seu papel na sociedade em que está inserido - seja familiar, profissional, individual, fará com que exerça sua função de pai/mãe, marido/mulher, funcionário/chefe, pessoa - da melhor forma possível, pois estar naquela situação foi escolha exclusivamente sua.

Mesmo que as coisas mudem, com o passar do tempo e aquilo passe a não ter o mesmo sentido na nossa vida, ainda poderemos olhar para trás e entender o que aconteceu e mudar. Não somos árvores para estarmos parados, mas nossos passos devem ser controlados não pelas nossas pernas, mas por nossas mentes e nossa consciência, para que quando perguntados sobre o porquê de estarmos onde estamos, com quem estamos e da forma que estamos, sabermos responder: “Por que eu sei a importância disso em minha vida”.