O COMEÇO DO FIM

Próximo de ser um octogenário, e antes que eu me emudeça, sinto a necessidade de comentar sobre algumas coisas ruins que teimam em permanecer inquietando a todos. Por isso volto ao meu passado sentindo uma imensa saudade da minha juventude cheia de encantamentos, sorrisos, amizades, sossego, alegrias e tudo de bom que se possa imaginar. Lá, naquele meu longínquo tempo, não existia vício, violência e nem desassossego no pacato lugar onde nasci, engatinhei e cresci.

Confesso que, em primeiro lugar, o povo desse nosso atual tempo (com larga exceção) vive aterrorizado com o que possa lhe acontecer frente às grandes ameaças de morticínios coletivos que possam, até, dar fim à espécie humana. Esse mundo já foi muito mais amado, feliz, prazeroso e cordial. A religiosidade era o freio que impunha a sociedade nos limites da obediência, do respeito e da moralidade, mas logo veio o pluralismo dela, e, dentre elas algumas que insultam ao erro em nome de uma suposta fé: coisas que sabemos ou vemos acontecer nos mais distantes pontos do planeta.

Divergências interpessoais sempre existiram no campo religioso, político, esportivo, social, cultural e tantos outros, mas, dentro de todas essas tendências havia o respeito ilimitado e mútuo entre as pessoas, coisa essa que ora parece inexistir firmemente.

O distanciamento pessoal faz com que nos tornemos desconhecidos mesmo que moremos ou sejamos próximos. Isso nos faz deixar o nosso raciocínio em segundo plano.

Nos atuais momentos vemos o desrespeito se proliferando assustadoramente na sociedade e velozmente consegue alcançar àqueles que não aceitam tais critérios e, assim, o tal desacordo passa a ser mútuo, violento e até intolerável entre as pessoas.

Vemos grande parcela da atual juventude se deteriorando, se escangalhando e mortificando seus corpos ainda jovens, frente aos incontroláveis vícios de maléficas substâncias inerentes à própria saúde e, assim, se conduzem a causas incuráveis. É o lamento silencioso de muitos que preferem seus fins bem antes do meio de suas vidas. Mas, como cada um é dono de si, nada se pode fazer para frear esse malefício entre os adeptos de vícios destruidores de pessoas e de famílias.

Será que nunca mais diremos

- “Há! que saudade dos bons tempos”