Menina do Rio
O Rio de Janeiro como muitos sabem não é o lugar mais seguro do mundo, mas o que aconteceu comigo foi de fato engraçado e assustador. Estava eu num ponto de ônibus no não mais bucólico bairro de Maria da Graça, bairro este que só é lembrado pela mídia porque dele saiu um famoso cantor que gosta de fazer festa no apê... Voltando ao assunto... Onde eu estava mesmo? Lembrei! No ponto de bus aguardando coisa nenhuma, estava ali matando o tempo, pois morava sozinho e não queria voltar para casa e ficar olhando as paredes; porém uma voz em minha consciência me mandava ir embora estudar.
Olhei para o lado e eis que vejo uma bela garota negra de pernas torneadas e cabelos encaracolados com bolsas de lojas famosas vindo em minha direção. Para minha surpresa ela puxou assunto, começou a falar sobre a família, disse que seu pai era muito famoso na comunidade em que morava, pois organizava eventos esportivos... Espere, eu falei que estava quase em frente a uma comunidade? Risos. A jovem continuou a falar, falar... E eu, emprestei meus ouvidos. Tanto falou que resolveu contar a vida pessoal, disse que tinha um namorado extremamente ciumento que lhe batia muito! Contou que não aguentava mais e iria dar um basta naquela situação naquele dia. Ouvi atentamente cada palavra e não deixei de me indignar com situação. A bela, por sua vez, continuou a relatar as ocorrências... Perguntei o que sua família pensa a respeito? Ela falou em tom decidido, me dão todo apoio para deixar este covarde! Eu falei, olha, menina (não me perguntem o nome) se eu encontrar com esse cara... Ele está vindo! Disse com voz trêmula, aí Senhor! É ele! Olha só o que ele vai arrumar. Olhei para a direita para ver o que lhe causava tanto temor, de repente eis que vejo um sujeito tipo o Seu Madruga cambaleando pela rua afora. Kkkkkkkkkkk É aquele o namorado que te bate? O violento? Kkkkkkkk Vou desmontá-lo na pancada! Não! Respondeu à beleza ebony de Mary Grace, ele está naquele carro preto ali! Mal acabou de falar o Monza 4 portas de vidros fumê com quatro elementos mal-encarados parou cantando pneus. A essa altura já não tinha o controle das minhas pernas; o motorista desceu e iniciou uma sessão de espancamento à minha retaguarda, ouvi gritos de para Alessandro!!! Tá doendo!!! , Etc... Fiquei exatamente estático sentado no chamado “gelo baiano” e dele não me movi, enquanto a pancada comia um rapaz me interrogava da janela do sinistro veículo: --- onde você mora? De onde você a conhece, etc... Enquanto a mala do carro se abria e o ciumento namorado sacava um porrete e continuava a sessão. O bagulho ficou tenso quando ele perguntou quem é ESSE CARA?! Ela ainda teve a compaixão de dizer não sei! Não faça nada com ele! Ufa! (pensei). Disse para o que estava na minha frente: fui à igreja Batista! A única frase que me veio à mente. Para minha surpresa um sorriso brotou naquele rosto carrancudo, minha mãe é de lá! Ufa de novo! Alessandro, o cara é da igreja! Neste momento ele para de bater na jovem e vem apertar a minha mão e pedir desculpas, não é nada com você. Ufa novamente!
Só havia frequentado aquela igreja uma vez e o milagre aconteceu na minha vida!
A sessão de tortura continuava enquanto o cara da frente desta vez me aconselhava a não acreditar nas mulheres, sem muito que dizer acabei falando de mais, disse que ela estava ali esperando o namorado (para tentar consertar a situação) piorou mais ainda! O cara gritou: Alessandro ela estava aguardando um namorado! Vixe, o pau cantou! Terminada a pancadaria o algoz mandou que ela fosse embora, permaneci no mesmo local. O jovem rapaz ainda me deu um último conselho: tenha cuidado, a mulher enganou até o “cão!”.
Deram a volta no quarteirão e me observaram de longe, permaneci no mesmo local para não entregar a direção da minha casa, só depois que sumiram no horizonte é que minhas pernas me obedeceram. Não sei se conto do Rio ou se Rio dos contos!