Refúgio
Seis meses refugiada, me escondendo do grande vilão.
Pela fresta da janela tenho visto um pedaço do mundo, uma nesga do céu, um farelo de terra.
Passos na rua só ouço mesmo de vez em quando.
Tenho ouvido falar muito é sobre a dor, o sofrimento, o fim, o exílio, a morte causada pelo vilão em parentes, amigos, conhecidos, parentes de amigos, amigos de amigos...
Dá um aperto no peito, um nó na garganta...
Fecho a janela. Os ouvidos, tem jeito não.
E como num ritual, agradeço pelos que pelejaram com o malvado e venceram.
Brasília, 19/09/2020