Acreditei No Amor

ACREDITEI NO AMOR

Um estudante universitário estava passando pela calçada apressadamente quando observou um rapaz mais ou menos da sua idade que pedia aos passantes uma ajuda para almoçar. Comovido, o estudante parou e perguntou para ele o que havia acontecido para um cara tão jovem estar naquela situação, o jovem respondeu que fazia pequenos assaltos com um colega, o parceiro pilotava e eu metia o cano e assaltava as pessoas, disse ele. E o que aconteceu? Perguntou o estudante. Como resposta ele disse que durante um assalto uma pessoa sacou uma arma e baleou seu amigo, ele também disse que a culpa era do governo anterior que armou a população... Em seu relato, falou que logo após seu amigo ser atingido a polícia apareceu e para não ser preso jogou a arma na direção dos policiais e fugiu entre os carros e logo desapareceu em meio a multidão.

O universitário ouvia tudo atentamente e, ao mesmo tempo, pensava em uma forma de ajudar o pobre rapaz. Quando terminou de ouvir a narração, perguntou ao pedinte o que faltava para ele "dar a volta por cima" e recomeçar.

— Um 38!

— Um 38?

— Isso, um oitão somente. A moto eu arrumo já no primeiro assalto.

— E quanto custa um 38?

— Um caidinho? Por volta de uns dois e quinhentos.

O estudante pensou que poderia mobilizar os amigos para arrecadar o dinheiro por meio de uma vaquinha, e foi o que aconteceu, em menos de três horas o dinheiro já estava na conta.

— Você aceita Pix?

— Eu não, porque estou sem celular, mas o mano que vai me vender o revólver aceita, você pode enviar direto para ele.

— OK, já foi.

Em pouco tempo um motoboy buzinou e entregou o pacote, era um 38 com seis munições. O jovem agradeceu ao rapaz que o ajudou e que também o fez prometer que não assaltaria naquela região por ser caminho de muitos estudantes que, por sua vez, haviam contribuído com a vaquinha. Agora com semblante alegre e esperançoso, beijou os dedos em formato de cruz e disse que jurava que isso não aconteceria ali. O estudante pediu que ele fizesse os assaltos em bairro de burguês porque dessa forma ele estaria expropriando quem muito tem. Ele balançou a cabeça e seguiu para o meio da pista onde “ganhou” uma moto mediante grave ameaça, antes de partir deu uma coronhada no capacete do motociclista e saiu buzinando para o estudante.

- Tempos depois, o já doutor Lucas caminhava pela calçada com sua colega de trabalho a caminho do almoço quando foram abordados por uma moto com dois elementos que anunciaram o assalto, de pronto doutor Lucas reconheceu o assaltante e o fez recordar da ajuda do passado.

- A vaquinha para comprar a arma, lembra?!

- Sim, doutor eu lembro!

- Então por que você está me assaltando?

- Porque agora tu é doutor e tu tem grana! E eu sou vagabundo! Passa logo esse relógio, celular e o dinheiro.

Doutor Lucas achou aquela situação constrangedora e considerou que havia sido vítima de uma traição, sua revolta foi tanta que tentou tomar de volta o revólver que havia ajudado a comprar, nesse momento um disparo se ouviu, Lucas caiu ensanguentado no chão sentindo mais dores devido à traição do que do próprio tiro.

Antes de sair com os pertences das vítimas, o meliante ainda falou que até queria cumprir a promessa e, até havia tentado cumpri-la, porém, não resistiu a tanta riqueza que tinha naquele bairro e mesmo tendo recebido ajuda e um voto de confiança, voltou a fazer o que sempre fizera em sua vida inteira que é: roubar, enganar e trair; pois essa é a sua natureza.

Fabrício Fagundes
Enviado por Fabrício Fagundes em 19/09/2023
Código do texto: T7889270
Classificação de conteúdo: seguro