QUANDO UMA TESTEMUNHA DE ASSÉDIO É PUNIDA
Desde que o abominável ato de assédio de todas as naturezas começou a ser denunciado e punido conforme a lei, ou com algumas ressalvas, as suas vítimas ficam, às vezes, só esperando que o primeiro caso de denúncia vem à tona, para fazer filas para engrossar o "caldo" do agressor. Acontece que, na surdina do cotidiano, surgem casos relacionados a este problema que, como acontecem com pessoas anônimas, passam totalmente despercebidos e sendo assim se proliferam a torto a direito.
Sem querer ficar relembrando de casos injustos e tristes que aconteceram na minha vida, mesmo não preenchendo o conceito de nenhum santo, certa ocasião, faz muitos anos até, fui vítima de uma punição, para não dizer, de uma vingança pessoal, simplesmente por testemunhar um flagrante de assédio sexual no final de um expediente de trabalho. O fato aconteceu quando eu trabalhava numa renomada empresa de comunicação, pra ser mais preciso, uma autarquia e como diria o personagem Chaves, "sem querer, querendo", presenciei o chefe apalpando os seios de uma funcionária, enquanto esta telefonava toda faceira. Era como se fosse um prenúncio de algo mais íntimo naquele local se eu não tivesse aparecido no algo da escada, ao sair do meu local de trabalho um pouco atrasado, o que o tal chefe não esperava. Depois de ver aquela cena, ainda pensei em voltar, mas só iria me complicar mais ainda. Resolvi passar ao lado daquela salinha onde o casal estava, marquei o meu ponto e fui embora já imaginando que aquilo não me sairia nada barato. Realmente foi o que aconteceu. No dia seguinte mesmo, no final do expediente, ele me chamou, entregando-me um papel com o nome do meu futuro chefe, em outra agência daquela empresa. Não argumentei nada e até deveria. Mas como tudo foi muito de surpresa e de maneira arbitrária, para não dizer, autoritária, talvez até com receio de perder o meu emprego, então fui deslocado do meu ambiente de trabalho que, por sinal, muito gostava. Entreguei nas mãos de Deus e segui firme no meu novo ambiente de trabalho e se alguém me perguntasse o motivo daquela transferência repentina, simplesmente eu falava com todas as letras: Estava tudo bem, sem problemas de relacionamento algum, mas num lance acidental presenciei o chefe com a boca, aliás, com as mãos na botija, fui deslocado do meu local de trabalho.
Mas, como diz muito bem o pensamento: "SE SOFRES INJUSTIÇAS, CALA-TE; A VERDADEIRA DESGRAÇA É COMETÊ-LAS".