Os bolcheviques brasileiros
N’O Livro Negro do Comunismo de Stéphane Courtois e outros, lemos o seguinte:
“Alguns dias antes, na reunião do CMRP de 29 de outubro, entre os presentes, algumas vozes anônimas haviam evocado a necessidade de lutar com mais energia contra "os inimigos do povo", uma fórmula que conheceria um grande sucesso nos meses, anos e décadas futuras, e que foi retomada numa proclamação do CMRP datada de 13 de novembro: "Os funcionários de alto escalão na administração do Estado, dos bancos, do Tesouro, das ferrovias e dos correios e telégrafos estão sabotando as medidas tomadas pelo governo bolchevique. Doravante, essas pessoas são declaradas inimigas do povo.””.
O CMRP era a sigla para Comitê Militar Revolucionário de Petrogrado e que foi descrito por Feliks Dzerjinski, um de seus dirigentes, como “Uma estrutura ágil, flexível, prontamente operacional, sem futilidade legal. Nenhuma restrição para agir, para bater nos inimigos do braço armado da ditadura do proletariado.”.
Os bolcheviques brasileiros da atualidade transformaram o STF numa espécie de CMRP e criaram a categoria de “inimigos da democracia”, que equivale aos “inimigos do povo” dos soviéticos.
Embora o “nosso” CMRP não seja propriamente uma estrutura militar, ele se vale da subserviência e covardia da Polícia Federal que se tornou seu braço armado.
Os acontecimentos de 08.01 em Brasília nos mostraram que a “estrutura ágil, flexível, prontamente operacional, sem futilidade legal. Nenhuma restrição para agir, para bater nos inimigos do braço armado da ditadura do proletariado.”, está funcionando muito bem.
Hoje, em sequencia às prisões ilegais de manifestantes, está em andamento seus “julgamentos” pelo Comitê, todos com sentenças já previamente definidas.
É difícil entender como alguns advogados tenham aceitado participar daquela encenação, inclusive a participação de um profissional aparentemente lúcido como o ex-desembargador Sebastião Coelho. Adicionalmente, é vergonhosa a omissão de um Senado e um Congresso oportunistas e da inútil para a população OAB.
Nós brasileiros historicamente nunca fomos adeptos de valores como patriotismo e honra, mas diante dos acontecimentos isso ficou ainda mais evidente, porque bastou uma oportunidade para que traidores da pátria sem nenhum escrúpulo passassem a tratar cidadãos como criminosos, enquanto o restante da população se calou, talvez com receio de perder o pouco que tem e ser afetada na sua vida miserável.
Para acentuar o sentimento de frustração que esses acontecimentos nos provocam, vemos pessoas comuns, que futuramente também poderão ser vítimas desses criminosos que usurparam o poder, fazerem eco às suas afirmações absurdas com disfarce de proposições legais e preocupação com a democracia, mas que nada têm de amparo nos princípios do Direito.
“Todos nós merecemos ter muitos motivos para viver, mas temos que ter pelo menos um motivo, seja algo ou alguém, pelo qual sejamos capazes de morrer.”.
Sem esse atributo um povo se torna apenas um rebanho de medrosos prontos para serem guiados por qualquer canalha travestido de valente.