Indecisão

Em uma digressão passada fora relatado que a vida humana é feita de atos e consequências, tudo feito hoje será revertido em inúmeros desdobramentos, digamos “consequenciais” no futuro, assim deve-se pensar, pesar os atos e ações para que tais consequências sejam ao menos possíveis de serem arcadas.

Cada ato realizado é precedido de uma decisão tomada. A escolha entre um caminho ou outro, uma pessoa ou outra, um emprego ou outro, seja o que for será sempre fruto de uma tomada de decisão.

Em certos momentos ficamos em dúvida de qual caminho tomar, o que fazer, quem escolher, etc. Cientificamente, a indecisão pode ser definida como um estado emocional de aflição na qual uma pessoa não consegue escolher uma das opções disponíveis. Pode ser desde coisas simples como uma cor ou modelo de bolsa, até alguma decisão em que poderá mudar diretamente ou drasticamente a vida da pessoa.

A dificuldade da decisão se encontra no fato de que, caso a opção escolhida pela pessoa não seja pensada com calma (o que isso poderá mudar na vida da pessoa, consequências, perdas, ganhos, vantagens, desvantagens e etc.?), poderá ocorrer o arrependimento e talvez ela não poderá mais escolher outras opções. Principalmente quando esta decisão envolver outras pessoas.

Assim, pensar e pesar as consequências de seus atos antes de agir são os melhores remédios para a indecisão, o que torna ainda mais difícil uma conclusão. Muitas vezes o ser humano adia uma tomada de decisão com o intuito de algo acontecer e decidir por eles o curso de suas próprias vidas; noutras, estes mesmos seres humanos sub-rogam a outrem a tomada de decisão que só cabe a eles e o culpa pelas consequências advindas.

Noutras vezes substabelecem o poder de decisão de suas próprias vidas a Deus, esperando Nele. Mas esperando necessariamente o que? O que Deus poderá fazer para mudar a vida de um ser que se prostra diante da tomada de uma decisão?

Tomar as rédeas da própria vida sendo responsável por suas escolhas e as consequências advindas delas, necessita de coragem e determinação.

Em muitos momentos, por acreditarem não terem escolhas, tomam decisões que lhes deixarão com ainda menos opções.

Por acreditarem não serem capazes de construir ou alcançar algo, mantêm seus sonhos e objetivos de vida engavetados para sempre.

Dentre inúmeros ditos “propósitos” de Deus para a vida humana, o que realmente deveria ser observado pelo ser humano é: “Não to mandei eu? Esforça-te e tem bom ânimo; não temas, nem te espantes; por que o Senhor teu Deus é contigo, por onde quer que andares. (Josué 1, 9)”.

Nesta passagem, o que se perfaz é se há uma decisão a ser tomada, Deus estará sempre à espreita, guiando e observando. No entanto, a tomada de decisão e o enfrentamento de suas consequências é tarefa indelegável, apenas a pessoa pode fazê-lo.

O que Ele, Deus, espera é que se tenha determinação, ânimo e esforço para alcançar o desejado e esperar Nele a confiança de que as situações irão se resolver da melhor forma possível, mas não esperar Nele que tudo se resolva por si só.

A indecisão não só tem paralisado, desanimado e impedido o ser humano de viver e cumprir o propósito de Deus para suas vidas, como em vários momentos tem feito com que seja impingindo às gerações futuras ainda mais dúvidas e sentimento de insegurança, o que incapacita a atual geração e as que ainda virão.

O que será dos seres ditos pensantes se a incapacidade de decidir o destino de suas próprias vidas os impede de pensar? Contraditório isso, não é mesmo?! Como dito aqui e em outras ocasiões, a vida não para, não cessa, não espera que você esteja pronto para vivê-la!

A vida cobra e cobra caro. A cada momento, decisão, escolha, resposta, atos e o preço a ser pago pode significar a vida ou a morte de sonhos, sendo que muitos sonhos são literalmente a própria vida ou o que resta dela.

O silêncio diante da necessidade de tomada de decisão não o isenta de ser atingido pelas consequências da omissão. Silenciar é escolher, é decidir por não decidir nada, na esperança de que tudo permaneça na mesma. No entanto, essa postura não garante o resultado esperado.

Quem se omite não pode cobrar nada, menos ainda responsabilizar o outro por qualquer que seja a consequência.

O silêncio e a passividade humana diante das adversidades e diversidades enfrentadas realmente não detêm o fluxo da vida, ela acontecerá querendo ou não.

A grande dificuldade na tomada de decisão está diretamente ligada a incapacidade humana de se responsabilizar pelos próprios atos. Há os que enfrentam tal bloqueio emocional, se olham no espelho, impingem o controle de suas próprias vidas, veem que não há razão para temer, tudo o que precisam está diante de suas mãos, mesmo isso significando ter que recuar.

Alcançar esse patamar de evolução emocional, quiçá espiritual, talvez seja a grande busca humana na terra. Mas será? Isso poderia mudar tudo o que se pensa sobre a natureza humana?

Não seria uma boa ideia, seria? Oh, quanta indecisão? Porque é tão difícil isso? Assim caminha a humanidade, até quando... não se sabe!!!