PATRIOTA
Entristeço-me quando vejo desvanecer as esperanças de nosso povo inerte que só reclama mas que parece anestesiado e sem poder de reação.
Entristeço-me ante o abismo que se descortina a nossa frente e que inevitavelmente nos encaminhamos sem sequer esboçarmos alguma forma de retroceder.
Entristeço-me ao constatar que quem mais poderia fazer algo para prevenir e evitar o caos bandeou-se e aliou-se aos covardes inimigos traidores e apontam seus canhões para quem deveria efetivamente defender.
Entristeço-me ao ver a passividade e a incredulidade no olhar das pessoas simplesmente olhando o cometa que passa deixando um rastro de destruição.
As ervas daninhas sempre existiram mas nunca prosperaram. Até agora.
As nuvens de gafanhotos passam e destroem tudo em seus caminhos.
As tempestades de areia chegam arrasadoras e deixam após sua passagem destruição.
As tsunamis impiedosas acabam com tudo em sua passagem.
Como podem, filhos de minha terra, voltarem-se contra seu próprio povo, sua nação movidos pela ganância e obsessão ao poder, lutar e destruir a Pátria mãe?
"Sinto vergonha de mim
por ter sido educador de parte desse povo, por ter batalhado sempre pela justiça, por compactuar com a honestidade, por primar pela verdade e por ver este povo já chamado varonil
enveredar pelo caminho da desonra.
Sinto vergonha de mim
por ter feito parte de uma era que lutou pela democracia, pela liberdade de ser e ter que entregar aos meus filhos, simples e abominavelmente,
a derrota das virtudes pelos vícios, a ausência da sensatez no julgamento da verdade,
a negligência com a família, célula-mater da sociedade, a demasiada preocupação com o “eu” feliz a qualquer custo,
buscando a tal “felicidade” em caminhos eivados de desrespeito para com o seu próximo.
Tenho vergonha de mim
pela passividade em ouvir, sem despejar meu verbo, a tantas desculpas ditadas
pelo orgulho e vaidade,
a tanta falta de humildade
para reconhecer um erro cometido, a tantos “floreios” para justificar
atos criminosos, a tanta relutância em esquecer a antiga posição
de sempre “contestar”,
voltar atrás e mudar o futuro.
Tenho vergonha de mim
pois faço parte de um povo que não reconheço,
enveredando por caminhos
que não quero percorrer.
Tenho vergonha da minha impotência,
da minha falta de garra,
das minhas desilusões
e do meu cansaço.
Não tenho para onde ir
pois amo este meu chão, vibro ao ouvir meu Hino e jamais usei a minha Bandeira
para enxugar o meu suor ou enrolar meu corpo na pecaminosa manifestação de nacionalidade.
Ao lado da vergonha de mim, tenho tanta pena de ti, povo brasileiro!
De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra,
de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem- se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude,
A rir-se da honra,
a ter vergonha de ser honesto”
Ruy Barbosa