Julgamento
A sociedade é permeada de pré-julgamentos. Não se sabe ao certo de onde veio essa característica tão arraigada, mas ela está presente em todos os ambientes sociais.
Acredita-se que, com a socialização humana, a necessidade de viver em sociedade, de seguir um padrão imposto para o bem-estar geral, a necessidade de julgar o outro por suas próprias convicções se fez presente. Talvez como um mecanismo de defesa, talvez como uma forma de unificar pensamentos e atitudes.
Viver em sociedade requer se adaptar ao meio, fazer parte de um contexto, assim o que sai do sentido imposto socialmente é pré-julgado, definido como errado.
Pessoas que nada sabem da outra fazem questão de definirem seu caráter e sua personalidade, um ato realizado sem anuência social é razão para o outro ser condenado e relegado ao ostracismo.
A grande questão por trás dessa máxima é que ninguém tem informações suficientes para fazer um veredicto e colocar-se acima dos fatos e da verdade. Então por qual razão se insiste em tomar tal atitude?
Quando se julga alguém, normalmente se baseia em doutrinas pessoais que nem sempre estão alinhadas em um nível superior para saber o que é o melhor, o que é certo ou errado.
Nós, seres sociais, temos tão variadas formas de ver o mundo e as pessoas que não conseguimos fazer um julgamento justo e imparcial.
O julgamento social é objeto de estudo e análise de diversos pensadores, cientistas, poetas e pessoas comuns.
Até o presente momento não fora encontrada uma razão de ser, mas o que se sabe, sempre se soube, é que faz parte da incapacidade humana de tolerar as diferenças e cuidar de suas próprias vidas.
Os critérios a que se baseiam os julgamentos são sempre pessoais.
Um livro é ruim? Depende do que o leitor espera dele, vejamos:
Quer conselhos para a vida?
Quer viajar na imaginação?
Quer expandir sua inteligência?
E depende também do que o autor quis com seu livro:
Ele quis oferecer uma lição de moral?
Ele quis fazer sonhar?
Ele quis expandir os limites da língua portuguesa?
O leitor está aberto a receber o conveniente para ele.
A leitura tem que fazer sentido com o momento em que ele está, com suas convicções ou com o desejo de buscar novos horizontes. Tem que atacar o sentimento despertado desde a capa à escolha das figuras. Caso contrário, o conteúdo é dispensado ainda que seja muito bom.
O ideal seria não julgar, mas acredito que isso seja uma utopia. Assim, esclarecer os critérios para os outros e principalmente para si mesmo, antes de proferir um julgamento é parte da solução do problema.
Mesmo após o conhecimento dos fatos, na maioria dos casos por terceiros, não se sabe a razão de sua existência, assim como o que vê de um iceberg não traduz a dimensão de sua verdadeira forma.
O que levou uma pessoa a tomar esta ou aquela atitude só cabe a ela, resta aos outros se recolherem à sua insignificância e guardar para si o que não lhes diz respeito.