Tristeza e Poeira ao Vento
CONFESSO que sou alguém que ri muito, tenho, como dizia minha avó paterna, o riso frouxo. Não raro alguém me pergunta se estou assistindo a desenho animado. É melhor ser alegre do que ser triste, já dizia Vinicius num samba. Correto.
Mas ele mesmo noutro samba cantou: “Tristeza não tem fim, felicidade sim…”. Em outras palavras: a felicidade é relativa e a tristeza existe. Existe e dói, ás vezes uma dorzinha gostosa. A tristeza faz parte do show da vida.
Sei que estou dando voltas como conversa de bebado. Na verdade, o que quero dizer é que a tristeza é algo absolutamente normal e dela ninguém pode fugir, faz parte da nossa história de vida. Detalhe: a não ser a tristeza por perdas humanas irreparáveis, há tristezas, principalmente no campo sentimental que simplesmente evoluem para a melancolia. Algumas delas doces melancolias. Eu sei que há os furões que se dizem infensos à tristeza e também à melancolia. Estão fingindo. Todos guardamos no nosso âmago uma tristeza de estimação, tipo joia rara, que sempre recordamos marejando os olhos. Essa melancolia doce e chique virou sonho.
Sonho de uma noite de verão. No mais, como diz uma canção americana, “Tudo o que somos é poeira ao vento”. Juro. William Porto. Inté.