A BELEZA DA PÉROLA NEGRA
O qu’existe lá fora pelo qual todos procuram [sem saber]
e não s’esgotam de buscar?
E interessante o quanto quase nada olhamos para dentro [de nós]
Por quê?
Mas, alheios ao Eterno somos ávidos pelo tempo, é verdade
E o olhar se turva ao que continuamente no caminho erramos
E descontentes incrivelmente seguimos
Ou enganamo-nos em dizer que, quiçá, felizes somos (só que não!)
Caminho pela praia de Ipanema a passos lentos
A poucas horas d’ocaso de mais um dia
E as palmas e aplausos na Pedra do Arpoador se fazem ouvir
Um mar um pouco agitado ao qu’eu o avisto
E como assim o amam os surfistas
E d’outro lado a inebriar-me com a vista do Morro Dois Irmãos
Uma sensação indescritível
E qual a melhor impressão que dele eu tirei?
Direi, então ...
Pérola negra
Seria linda porque é rara ou sua beleza e formosura é, pois, por si mesma?
Oh! Bendita hora em que um pequeno sedimento invadiu a ostra!
E como reação ei-la então a produzir o seu nácar em sua camada
A famosa “madrepérola”
E, a partir daí, vede a dar início ... a linda pérola negra
(como qualquer outra pérola em seu processo)
Pérola negra
Por que ela tanto nos encanta (ou mais que as outras)?
E do encanto místico (ao qu’eu diria) de sua forma
a ir além da humana compreensão ond’então mora “sua verdade”
Ou enganosamente bela (como tudo no tempo) a seria pelo que
um dia ao pó (como todos) também retornaria (à sua origem)?
Basta apenas lembrar de como ela surgiu!
Todavia, de sua forma a ser impossível não impressionar a vista
Ou será que sua beleza precisaria decifrada ser para que
compreendida fosse seu segredo [ou sua magia]?
Mas, aquele que te contempla se deslumbraria apenas co’uma “imagem”
ou veria de fato sua “realidade”?
Realmente não sei ...
E que espírito a que ainda que a admirasse com os olhos físicos
(e co’eles tocassem pela vontade) não desejariam em [para si] tê-la?
Definir a “beleza” a partir d’uma forma [visível]!
(a partir dos sentidos)
Um grande desafio para a Filosofia
E se tudo na vida talvez só existe pelo que alguém nele “acredita”,
e assim, o belo só existiria para alguns, mas nunca para todos?
Sei lá!
Confesso qu’estou confuso
E nest’instante torno a perguntar:
Teria a pérola negra o título de “beleza perfeita” com justiça
ou [ela] seria tão somente (como outras coisas) sua imagem,
já que do que é “Perfeito” nada aqui vemos
e o que vemos é somente “imagem a Lhe apontar”?
Sim, nada do que vemos é Deus (o Ser Perfeito)
Mas tudo pode ser uma “imagem a Lhe apontar”
E tudo o que vemos está bem distante do que Ele “é” ... em verdade
Pérola negra
Não, não e não
Se real fosse a perfeição de sua forma seria então a Perfeição Verdadeira
E não apenas imagem visível de Deus ... que é o único Perfeito
E a Verdade absoluta
Contudo, se passageira é tua beleza, mesmo assim és “imagem Dele”
E só
Aliás, toda “beleza” no tempo é uma “imagem” Dele
(que é, em su’essência, ... eterno)
A verdade é que é difícil saber o que é “verdadeiramente belo”
Considerando que para ser verdade não poderia ser “fugaz”
E se o que nos fascinou a vista um dia não mais aqui estará
levaria igualmente nossa admiração pelo que deixaria d’existir?
E desta forma levaria para sei lá onde for ... toda a su’história!?
E não mais nos deslumbraria (mesmo que morasse em nossa memória)
Oh! Não sei se vemos de fato com os olhos ou somente com nossa mente
(que por vezes tanto mente!)
E se atraídos somos pelo que vemos (e que nos cativa), tornamo-nos
“cegos apaixonados”
Justamente pelo que laçados fomos ... pelos nossos próprios olhos!
E um dominante e incontrolável desejo nos inflama ... a alma
Mas, talvez isto seja o que significa realmente “se sentir vivo”:
Permitir ser “possuído” pela beleza que nos encanta
Neste tempo frio em que um “calor” [interiormente] nos aquece
Ou como se alegrar [por dentro] mesmo habitando n’um mundo de luto
Mas, e então ...
O que é “preciso” para ser feliz?
Estaria [a felicidade] no ar ou n’uma floresta (estas pelos quais
fogem do mundo os covardes ascetas) ou deveríamos procurá-la
nas profundezas do oceano (como um “caçador de pérolas”)?
Talvez sejamos [todos] (ainda que desconheçamos) “negociantes à
procura de pérolas preciosoas”
E a “pérola de grande valor” [da qual Cristo fala] seja mesmo ... a “felicidade”
Carlos Renoir
Rio de Janeiro, 13 de setembro de 2023
IMAGENS: ARTISTAS "IVI PIZZOTT" E "CAROL AMARAL" (OBTIDAS PELA INTERNET, MAS POR MIM TRABALHADAS COM PROGRAMAS DE EDIÇÃO)
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FORMATAÇÃO SEM AS ILUSTRAÇÕES
A BELEZA DA PÉROLA NEGRA
O qu’existe lá fora pelo qual todos procuram [sem saber]
e não s’esgotam de buscar?
E interessante o quanto quase nada olhamos para dentro [de nós]
Por quê?
Mas, alheios ao Eterno somos ávidos pelo tempo, é verdade
E o olhar se turva ao que continuamente no caminho erramos
E descontentes incrivelmente seguimos
Ou enganamo-nos em dizer que, quiçá, felizes somos (só que não!)
Caminho pela praia de Ipanema a passos lentos
A poucas horas d’ocaso de mais um dia
E as palmas e aplausos na Pedra do Arpoador se fazem ouvir
Um mar um pouco agitado ao qu’eu o avisto
E como assim o amam os surfistas
E d’outro lado a inebriar-me com a vista do Morro Dois Irmãos
Uma sensação indescritível
E qual a melhor impressão que dele eu tirei?
Direi, então ...
Pérola negra
Seria linda porque é rara ou sua beleza e formosura é, pois, por si mesma?
Oh! Bendita hora em que um pequeno sedimento invadiu a ostra!
E como reação ei-la então a produzir o seu nácar em sua camada
A famosa “madrepérola”
E, a partir daí, vede a dar início ... a linda pérola negra
(como qualquer outra pérola em seu processo)
Pérola negra
Por que ela tanto nos encanta (ou mais que as outras)?
E do encanto místico (ao qu’eu diria) de sua forma
a ir além da humana compreensão ond’então mora “sua verdade”
Ou enganosamente bela (como tudo no tempo) a seria pelo que
um dia ao pó (como todos) também retornaria (à sua origem)?
Basta apenas lembrar de como ela surgiu!
Todavia, de sua forma a ser impossível não impressionar a vista
Ou será que sua beleza precisaria decifrada ser para que
compreendida fosse seu segredo [ou sua magia]?
Mas, aquele que te contempla se deslumbraria apenas co’uma “imagem”
ou veria de fato sua “realidade”?
Realmente não sei ...
E que espírito a que ainda que a admirasse com os olhos físicos
(e co’eles tocassem pela vontade) não desejariam em [para si] tê-la?
Definir a “beleza” a partir d’uma forma [visível]!
(a partir dos sentidos)
Um grande desafio para a Filosofia
E se tudo na vida talvez só existe pelo que alguém nele “acredita”,
e assim, o belo só existiria para alguns, mas nunca para todos?
Sei lá!
Confesso qu’estou confuso
E nest’instante torno a perguntar:
Teria a pérola negra o título de “beleza perfeita” com justiça
ou [ela] seria tão somente (como outras coisas) sua imagem,
já que do que é “Perfeito” nada aqui vemos
e o que vemos é somente “imagem a Lhe apontar”?
Sim, nada do que vemos é Deus (o Ser Perfeito)
Mas tudo pode ser uma “imagem a Lhe apontar”
E tudo o que vemos está bem distante do que Ele “é” ... em verdade
Pérola negra
Não, não e não
Se real fosse a perfeição de sua forma seria então a Perfeição Verdadeira
E não apenas imagem visível de Deus ... que é o único Perfeito
E a Verdade absoluta
Contudo, se passageira é tua beleza, mesmo assim és “imagem Dele”
E só
Aliás, toda “beleza” no tempo é uma “imagem” Dele
(que é, em su’essência, ... eterno)
A verdade é que é difícil saber o que é “verdadeiramente belo”
Considerando que para ser verdade não poderia ser “fugaz”
E se o que nos fascinou a vista um dia não mais aqui estará
levaria igualmente nossa admiração pelo que deixaria d’existir?
E desta forma levaria para sei lá onde for ... toda a su’história!?
E não mais nos deslumbraria (mesmo que morasse em nossa memória)
Oh! Não sei se vemos de fato com os olhos ou somente com nossa mente
(que por vezes tanto mente!)
E se atraídos somos pelo que vemos (e que nos cativa), tornamo-nos
“cegos apaixonados”
Justamente pelo que laçados fomos ... pelos nossos próprios olhos!
E um dominante e incontrolável desejo nos inflama ... a alma
Mas, talvez isto seja o que significa realmente “se sentir vivo”:
Permitir ser “possuído” pela beleza que nos encanta
Neste tempo frio em que um “calor” [interiormente] nos aquece
Ou como se alegrar [por dentro] mesmo habitando n’um mundo de luto
E então ...
O que é “preciso” para ser feliz?
Estaria [a felicidade] no ar ou n’uma floresta (estas pelos quais
fogem do mundo os covardes ascetas) ou deveríamos procurá-la
nas profundezas do oceano (como um “caçador de pérolas”)?
Talvez sejamos [todos] (ainda que desconheçamos) “negociantes à
procura de pérolas preciosoas”
E a “pérola de grande valor” [da qual Cristo fala] seja mesmo ... a “felicidade”
Carlos Renoir
Rio de Janeiro, 13 de setembro de 2023
IMAGENS: INTERNET, MAS POR MIM TRABALHADAS COM PROGRAMAS DE EDIÇÃO