Contos de Asfalto, Efêmero Encontro
Era uma manhã ensolarada, e eu dirigia pela rodovia que cortava a paisagem árida. O asfalto se estendia à minha frente, um caminho que parecia tocar o horizonte distante. A música tocava suavemente no rádio, criando uma trilha sonora para o trajeto solitário. A velocidade constante do carro era como um ritmo hipnótico, quase meditativo.
Enquanto eu dirigia, meus olhos perceberam algo incomum. Lá, à distância, vi uma mulher aflita, gesticulando freneticamente à beira da estrada. Seus cabelos voavam ao vento, e seus olhos mostravam pânico. Ela tentava atravessar a rodovia, mas a corrente de carros que passava a impedia.
Meu olhar foi rapidamente desviado para o outro lado da pista, onde uma cena semelhante se desenrolava. Um homem, também em estado de agitação, tentava desesperadamente atravessar a estrada. Suas mãos erguidas pareciam implorar por uma oportunidade de cruzar com segurança.
Minhas mãos apertaram o volante, meu coração acelerou. Duas histórias de desespero, duas pessoas em busca de algo além da rodovia, algo que os impulsionava a enfrentar o perigo iminente. Enquanto eu assistia, os eventos se desenrolavam em câmera lenta. Os carros e caminhões pareciam um enxame implacável.
Meu carro passou por eles, a linha do horizonte era tudo que eu conseguia ver naquele momento. A estrada à minha frente continuou, o asfalto sem fim parecia se estender até o infinito. Enquanto deixava para trás a cena que testemunhei, senti que havia perdido algo, algo que permaneceu suspenso no ar, parecia que a minha história se conectava a eles e, rapidamente, se distanciava. Enquanto o horizonte se aproximava, permiti que a incerteza desse efêmero encontro permanecesse, uma lacuna aberta para o inexplicável, uma página em branco no livro dos contos de asfalto.