Jantares entre Amigos

Quando os amigos dos pais de Tainara viram, logo correram para cima dela. Era uma fofura aquele neném! Por isso, os progenitores largaram a criança com um dos companheiros hipnotizados, que brincava com ela, e foram conversar com os outros.

 

A bebê ficou um pouco assustada no início porque não conhecia aquela pessoa. Mas logo caiu nas graças dela. Depois de um tempo, voltou para os braços da mãe, animada, esperando o próximo candidato a brincar consigo. Esperou em vão, os adultos ficaram interagindo e esqueceram a menina. Acabou dormindo.

 

Quebra de tempo

 

Outro dia, os amigos dos pais vieram até a casa da família de Tainara. Ela foi puxando-os para perto do armário e pegou um quebra-cabeça. Adorava brincar com pessoas novas.

 

— Ele tem 100 peças. Deve ser difícil demais para ela montar. Será que não quer nossa ajuda? — perguntou um.

 

— Pode ser, eu gosto de quebra-cabeça. Vamos montar esse rapidinho para fazê-la feliz. — respondeu outro, enquanto abria a caixa.

 

A criança se divertiu muito montando aquele desenho, era tão bonito que ficou olhando admirada para ele. Quando reparou, estava sozinha. Foi até a sala procurando pelos companheiros e achou-os comendo junto de seus pais.

 

Logo pediu para voltarem a brincar com ela, mas não quiseram. A mãe temia que a filha estivesse incomodando os amigos e pediu licença para encontrar a pequena. Pegou uma boneca, fez um teatrinho por alguns minutos e depois voltou a conversar.

 

Tainara se divertiu por um tempo, mas logo cansou. Triste, sentou-se no sofá emburrada. Então seu pai colocou num desenho na televisão para distraí-la, o que deu certo.

 

Ela só voltou para perto dos adultos quando queria pedir suco. A mãe foi levar, mas tropeçou na boneca de antes e derrubou a bebida em si mesma. A filha se divertiu afinal.

 

Quebra de tempo

 

Dessa vez, o jantar era muito maior. Estavam numa casa estranha e havia muita gente. Era tanta gente que sabia que seria esquecida ali. Sua mãe disse que logo era teria um irmãozinho para brincar com ela sempre que ela quisesse. Mas teria que aguentar firme um pouquinho mais. Felizmente, havia outra criança no evento.

 

Eles logo se entrosaram e começaram a brincar pelo lugar. Foi uma festa, Tainara não se lembrava de ter se divertido tanto. Mas o novo amigo teve que ir logo, os pais tinham compromisso. Portanto, ela voltou ao nada para fazer e ficou pulando e correndo pelo quintal para matar o tempo.

 

Demorou muito para a família Tainara sair, e ela tentou todas as suas cartadas para tentar escapar mais cedo. A partir dali, começou a não gostar de acompanhar os pais nesses encontros. Finalmente, percebeu que esses não seriam entretenimento para si.

 

Quebra de tempo

 

Agora, Tainara tinha Luiz Henrique. Ela adorava brincar com ele. Como filha única, podia desfrutar de toda a atenção dos pais, mas dependia dos adultos para brincar. Dividir a atenção com o irmão era um preço justo para ganhar um amigo permanente.

 

Quando novamente seus pais saíram, o bebê já tinha crescido um ano. A mais velha já tinha esgotado o caçula de brincadeiras, mas ainda tinha muitas outras para testar. Logo, as saídas dos progenitores já não eram mais tão torturantes. E a cara fofa do irmão despertava o interesse de todos em estar com eles!

 

Uma coisa que magoava Tainara era que seu companheiro sempre dormia muito cedo. Naquele dia não foi diferente. Quando viu que não tinha muito mais escolha e seu dia de diversão havia acabado, aninhou-se no colo do pai e pôs-se a dormir também.

 

Quebra de tempo

 

O paraíso não durou para sempre. Assim como Luiz Henrique crescia, Tainara também o fazia e por ser 5 anos mais velha seus interesses começaram a se diferenciar. Ela queria se aventurar e fazer o que as outras crianças faziam, as crianças grandes. Mas ele estava atrasado, não podia oferecer isso.

 

Logo a menina se viu presa ao irmão e novamente se enfadava. Quando queria montar um quebra-cabeça, teria que ser o de 30 peças, e não o de 100, que agora sabia montar sozinha.

 

Mas, em nome de Luiz Henrique, ela brincava com o que ele queria. A mais velha não desejava que o caçula sofresse com o tédio que teve que suportar. Para que servem os irmãos afinal?

 

Quebra de tempo

 

Tainara estava muito animada. Ela já tinha visto o nascimento de Luiz Henrique, mas agora veria o nascimento de um alguém de fora da família. Isso parecia mágico para ela.

 

Dois dos amigos de seus pais teriam um filho. Seria um novo amigo para ela e o irmão. Lembrava quando Luiz Henrique era mais novo, era tão fofinho! Estava animadíssima para conhecer seu novo companheiro.

 

— Calma, vai demorar um pouco, Tainara. Eles não vão querer ficar saindo por aí com um filhinho tão frágil. — disse sua mãe.

 

E ela aguardou. Em cada vez que seus pais saíam para passear com os seus amigos, procurava o novo bebê. Começou a se animar todas as vezes que eram levados aos encontros, até o momento que o viu. Uma gracinha!

 

Eram tristes a separação deles. Assim como os pais, os filhos ficaram muito amigos e gostavam de estar juntos. Os dias em seus pais saíam passaram a ser uma comemoração para Tainara. Afinal, agora ela tinha parceiros que só via nesses momentos.

 

Quebra de tempo

 

Tainara e Luiz Henrique já tinham idade o bastante para ficar em casa sozinhos, nem sempre acompanhavam os pais nas saídas. Claro que para ver seus amigos eles iam, mas não era empolgante não fazer nada por horas enquanto os pais se divertiam.

 

Até que um dia tiveram uma bela surpresa: sua mãe estava grávida mais uma vez. Tainara ficou muito feliz. Podia ser agora mais velha, velha o bastante para ignorar uma criança e fazê-la entediada, mas faria diferente. Hugo jamais estaria enfadado enquanto pudesse brincar com ele.