A bolha de cada um

Fazer as mesmas coisas, ouvir as mesmas músicas, frequentar os mesmos lugares, ler e assistir os mesmos estilos de livros e filmes, ser a mesma pessoa, é cômodo e fácil. Este isolamento dentro de uma comunidade de semelhantes nos paralisa muitas vezes a vida toda. Paramos e não nos damos a oportunidade de conhecer a grandeza maior do ser humano que é a capacidade de se encaixar e ser feliz em múltiplas situações. Talvez esta seja a busca mais saborosa da existência mudar, permitir-se sair por aí em provas e testes, até para ser capaz de dizer que não gostou. Não gostou porque foi lá, viveu, testou, experimentou.

Precisamos romper a nossa bolha, aprender com o outro. Sair pelo mundo descobrindo objetos, paixões e afetos. A mudança vem em pequenos passos. É só tentar ser diferente e apurar os sentidos para o que nos rodeia. Hoje vou conversar com aquele colega que todos acham chato, vou andar pelas ruas do meu bairro por meia hora, vou assistir àquele filme que digo que não gosto só porque não gosto do gênero, vou sair com meu vizinho que me chama para o futebol e nunca fui, vou ler os livros que tenho listados e que nunca comprei, vou sentar em algum lugar e ficar só observando sem tocar no celular, vou viajar para qualquer lugar próximo à minha cidade, vou provar o chopp artesanal que nunca provei por não gostar de bebida artesanal.

São tantas coisas que excluímos da nossa vida só por não gostar. Pré-conceituamos objetos e situações. Temos o hábito de repetir e fazer só o que achamos que nos agrada e esquecemos que tem um mundo de sabores e vivências esperando por nós. É só mudar o olhar e ousar sair da bolha que perigosamente construímos. Pense aqui comigo...

Márcia Cris Almeida

11/09/2023