Fé raciocinada

A frase de Santo Agostinho me fez pensar em algo totalmente novo para mim.

Para que eu compreenda algo eu preciso crer que esse algo exista, essa é a premissa, mas para que eu creia verdadeiramente nesse mesmo algo eu preciso compreender a totalidade de sua existência.

As religiões e grande parte dos religiosos pregam uma fé cega, onde a resposta que pauta todas as perguntas é: isso é assim porque Deus quis assim.

Grande parte dos Ateus como resposta aos questionamentos sobrenaturais dizem: Isso é cientificamente impossível - sem um real embasamento científico que efetivamente negue a existência desse algo.

Assim as duas partes, antagônicas em si, se vestem dos mesmos argumentos ou da falta deles, para justificar suas verdades.

Quando algo nos é imposto sem razão, sem sentido, em pouco tempo se destrói por dentro, não tem raízes, estrutura, não tem fundamento.

Quando entendemos o porque das coisas, a razão de sua existência, criamos laços com aquilo, principalmente se essa razão fizer parte da nossa razão.

Por mais que existam dogmas que não tenham uma explicação lógico-científica, têm explicação e essa explicação é que ocasionará a compreensão daquilo e daquilo no todo.

Quando se fala de religiosidade nada é por acaso, nada está ali por estar, porque alguém quis assim, tudo tem uma função, um fundamento, estejam esses ligados à religiosidade ou não. Algumas funções são meramente política-sociais, mas existem.

Apenas com argumentos lógicos, compreensão do contexto histórico-social e com a vivencia das diversas manifestações espirituais a que nos dispomos, poderemos construir nossa crença no que quer que seja, mesmo que seja em nada.

O porquê de cada coisa, o que há por trás, o sentido, a razão, essas são as buscas que todo crente deveria se ater antes de se arriscar a bater no peito e bradar ser crente, porque somente depois de compreender o que quer dizer sua crença e em que ela te preenche e te alimenta é que poderá olhar nos olhos do outro e tocá-lo no mesmo sentido.

Não é impondo seu deus ao outro que fara dele o deus do outro, não é se impondo um deus que o fará seu deus, até porque se não encontrar Deus dentro de você não o encontrará em lugar algum. Por mais que a boca brade o coração não o reconhecerá.

Apenas compreendendo o que quer dizer o que tanto crê, conhecerá seu verdadeiro significado e apenas conhecendo seu significado poderá dizer que verdadeiramente crê.