Quase

Ouvi certa vez que a palavra mais triste que existe é a palavra quase.

Quase conseguiu o emprego... Quase deu certo... Quase foi amor... Quase ficaram juntos... Quase sobreviveu... Quase...

De todas as dores, a dor de perder algo que nunca teve, mas que queria tanto é uma das mais doídas; a dor de querer tanto alguém e não ter por um detalhe bobo, as vezes, mas definitivo, é incompreensível; a dor de não viver um amor a muito esperado e desejado, é inconsolável; a dor de não viver um sonho que estava ali ao alcance de suas mãos, mas que se perdeu sem sentido, sem razão, é indescritível; a dor de ver se esvair uma vida no ultimo instante, no ultimo momento, depois de muita luta e esperança, é insuportável.

Lutamos tantas batalhas ao longo de nossas vidas, vencemos algumas, perdemos outras, mas aquelas que quase deram certo são as mais lembradas, remoídas e repensadas.

Nossa, foi por um triz! Tinha tudo para dar certo! Era causa ganha! Não sei o que aconteceu! Remamos e morremos na praia! Tínhamos esperança! Infelizmente não conseguimos!

Expressões que definem uma única palavra, quase...

O gosto amargo na boca, o pesar no peito, o suspirar da respiração, o olhar baixo da decepção, o passar de mãos na cabeça, sensações e expressões que voltam a cada lembrança, a cada visão, acompanhadas de uma pergunta e uma questão: E se...

E se o quase não tivesse sido quase, como seria? Um filme se faz e mais dor traz. Não há como voltar atrás, não há como mudar o destino do que se foi e não volta mais.

Aquele quase emprego, quase amor, quase vida serão para sempre os nós na garganta que embargam nossa voz e com eles nos sentimos sós.

A vida não para e o luto pelo quase precisa ser vivido em meio a outros tantos que ainda virão, não há solução.

No final de nossas vidas, mesmo tendo conquistado o mundo, aqueles quases ainda nos embargarão, pois de tudo que vivemos o que não pôde ser vivido ainda estará no coração.