SOBRE INSPIRAÇÃO

Comigo, a inspiração não vem do nada, ela sempre tem um condutor.

Mas, "Penso, logo, existo"( não lembro qual filosofo é autor da frase),então, a mente não para e o senso só trabalha.

Hoje cedo vi uma criança que esperava eu e uma vizinha darmos uma parada na conversa para se manifestar na direção da vizinha. Ela está acostumada que essa vizinha brinque com ela quando os pais a levam para brincar na area comum.

E realmente aconteceu: demos uma pausa e a criança se aproximou. E a brincadeira diária,segundo a vizinha, sempre a mesma, fluiu. Depois a vizinha me disse que a criança é portadora de Autismo e alguem mais especializado disse a ela que para a criança é importante essa brincadeira repetitiva( a brincadeira gira em torno de responsabilidade, tarefas, cuidado).

Isso me inspirou a vir aqui e escrever essa cronica até porque me lembrei de um adolescente, há muitos anos atrás, nos anos 80,quando eu acabara de me mudar para esse bairro, que carregava todo dia,no mesmo trajeto de ir e vir,um radinho encostado ao ouvido e apoiado no ombro. Supunha que ele escutava algo que o agradava. Nunca soube que programa de rádio era. ou se havia um toca fitas onde ele escutava cançoes de sua preferencia. Correu o boato( nunca tive certeza, não tive acesso ao diagnostico e, naquela época, ainda não havia o interesse de hoje no tema Autismo) que ele era Autista e , até por causa de um filme muito visto que passara no Supercine- "Meu filho ,meu mundo", sobre uma criança autista, acabei por aceitar que o adolescente ( de quem nunca soube o nome) era ,como hoje é referido, portador da Pertubação do Espetro do Autismo(PEA)

Até cheguei a comentar com a vizinha( mais antiga do que eu no local) e ela me falou que soube que esse adolescente veio a falecer tempos depois daquela época em que andava ´ra lá e pra cá com o adinho no ouvido..

O menino do presente, que parece ter uns 5 anos, de repente largou a brincadeira e disse algo evasivo à vizinha, foi atrás de sua bicicleta ,saindo em disparada.