LEME, BREQUE E EMPUXO
A vida pode ser uma letra de fado, encharcada de melancolia e cânticos puídos. Ou uma linda ciranda, deliciosa e perfumada, que imanta e encanta quem passar por perto. O que rege essa curiosa orquestra são as escolhas feitas e a coragem de nunca temer o chão que virá ou o gosto a ser colocado goela abaixo. Roteiros lindos ou maltrapilhos estão nos aguardando nas prateleiras dos dias, desenhando uma paciente espera pra serem colocados na sacola, com o brilho do olhar e a textura da mão. Quem maldiz o destino ou Deus, lhe atribuindo a feitura do bolo, está simplesmente negando o titular do show, que somos nós mesmos, signatários e únicos protagonistas dessa coisa chamada de vida, com todos seus decibéis, rédeas, vértebras e sussurros. Já quando chamamos pra nós cada pétala dessa história, cada paralelepípedo que calmamente se postam à frente no cotidiano, assinando embaixo, solenemente, cada pegada, rebarba e arremate, os ventos cessam de cantar contra e vestem a fantasia de fiéis e compenetrados aliados. Daí empunhamos o leme, o breque e o empuxo a nós destinados, vestimos o uniforme de capitão e nos posicionamos à frente dos músicos escalados pra cumprir a nossa sinfonia, até soar o último e derradeiro acorde, como aquele maestro que nunca deveríamos ter deixado de ser.