WOLBACHIA

         Estranho esse nome, não? Trata-se, porém, do nome de uma bactéria que transferida ao mosquito da Dengue vem ajudando a reduzir casos da doença. Achei interessante esse conhecimento e importante o que se está fazendo na Fundação Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro, na biofábrica em que se aplica o método Wolbachia.

            O Wolbachia é uma bactéria muito comum na natureza, presente em cerca de 60% dos insetos do planeta, porém nunca encontrada no Aedes Aegypti, como explica o pesquisador da Fiocruz, Luciano Moreira, que é o coordenador dessa tecnologia e do método Wolbachia.

           O método consiste na liberação do Aedes Aegypti com Wolbachia nos territórios para que esses mosquitos se reproduzam com os Aedes Aegypti locais e ajudem a estabelecer uma nova população de insetos, todos portando a bactéria e não transmitindo doenças.

            Com uma injeção mais fina que um fio de cabelo, cientistas retiram a Wolbachia da mosca das frutas e inserem nos ovos do Aedes Aegypti. O resultado disto é o bloqueio a replicação do vírus de dengue, zika, chikungunya e febre amarela nos insetos. Desse modo, os Wolbitos, que são os mosquitos que portam a Wolbachia, são disseminados entre os mosquitos e daí por diante eles vão se proliferando até que a maioria da população de mosquitos esteja com Wolbachia.

            O Wolbachia é como se fosse um controle biológico, pois os próprios mosquitos com Wolbitos são os responsáveis por impedir a transmissão de doenças, assim diz o pesquisador Luciano Moreira.

            Os resultados positivos obtidos vieram da aplicação do método em Niterói, Tubiacanga, Belo Horizonte, Campo Grande e Petrolina, esperando-se ao final de 4 anos serem alcançados 70% dos municípios brasileiros que enfrentam a maior carga de doença cobertos pelo método inovador. Sabe-se que com 333 óbitos confirmados, ocorreram 899 mil casos prováveis entre janeiro e abril deste ano, ou seja, um aumento de 30% em relação ao mesmo período do ano passado.

            Todavia, o método não é a salvação do problema, ele é complementar às demais ações de controle. A população deve continuar fazendo a sua parte, isto é, eliminando os criadouros do mosquito. O fato dos Wolbitos estarem no território não deve mudar o comportamento nem da população e nem do poder público. Isto significa não só informação, mas essencialmente educação e engajamento comunitário.

            Estas informações foram obtidas da Revista Radis, edição do mês de maio, uma publicação impressa e digital da Fundação Oswaldo Cruz, cuja assinatura é gratuita.