Visão

Mahatma Gandhi dizia que a felicidade é quando o que você pensa, o que você diz e o que você faz estão em harmonia.

Bem, racionalizando um pouco o dito por ele, a forma como as pessoas nos veem – o que fazemos, a forma como nos vemos – o que pensamos, a forma como gostaríamos de ser vistos – o que dizemos, na maioria dos casos, não são ao menos complementares.

Nossas frustrações, dogmas, crenças e experiências, influenciam para determinar a forma como nos vemos e vemos o mundo.

Nossas atitudes, opiniões e demonstração de caráter, influenciam para determinar a forma como as pessoas nos veem.

Nossas ambições e desejos influenciam para determinar a forma como gostaríamos de ser vistos.

Quando essas três visões se chocam e percebemos a discrepância entre elas, ocorre o que podemos chamar de “colapso emocional”.

Esse, meu amigo, é o pior dos piores conflitos internos que um ser humano pode sentir, tudo em que se acredita entra em choque, as frustrações decidem se reavivar, sentimentos que a muito tempo achava estarem controlados retornam com força total destruindo tudo à nossa volta.

Nesse momento descobre-se que não somos nem o que acreditamos ser, nem o que acreditam que sejamos, nem o que gostaríamos de ser, um completo engodo.

A constante necessidade de ver e ser visto, notado e sentido por si e pelos outros aprisiona o ser humano nesse enredo sem fim e no fim das contas não sabemos discernir qual versão de nós mesmos reflete ao menos uma décima parte do que poderíamos ser.

Assim, retomando o dito por Mahatma Gandhi acredito que a felicidade dita por ele não possui vinculação com essa “necessidade”.

Exatamente por isso é tão difícil encontrar a felicidade.

Não percebemos que não deveria importar a visão que o mundo tem de nós ou mesmo que nós temos de nós mesmos – o que em grande parte é movido pelo externo, o que realmente importa é viver a vida que temos de forma que ao refletirmos sobre nossa existência consigamos sorrir intimamente, com a certeza de que somos o melhor que podemos ser e refletirmos isso a quem nos cerca, de forma que quando nos virem sorrirão pela mesma razão.