O duro da verdade, é que ela existe

Primeiramente, advirto aos queridos eventuais leitores: tudo aqui falado não passa da mais sórdida, inescrupulosa e pecadora mentira.

Feita a advertência que me alivia a consciência para dormir à noite, vou prosseguir. É porque falar da verdade exige certo esforço que poucas vezes vi. Às vezes, tem-se que mentir para poder falar a verdade. Porque na mentira, costuma vigorar a sutileza da inocência.

Se eu fosse apostar do que a maçã era feita no paraíso, eu chutaria que era de casca de mentira, mas seu interior, de verdade. Ó, duvida!? Tempo atrás li que um estudo fora feito para mapear a felicidade posta nas redes, como era de se esperar, um conto de fadas foi o resultado das respostas. Mas ao contrastar os termos de busca mais comuns no Google sobre relacionamento, veremos que se existir algum conto de fadas… é ao estilo germânico antigo.

A verdade costumeiramente é intragável, ao que, diferentemente da mentira, que pode ser talhada, surge seca e pronta. Alguns tentam ao artifício da fofoca, criar o que se chama por aí de “meia-verdade”, algo que, por ser uma mentira lógica, soa bonito. Por isso que para mim, a fofoca é gênero literário. E dos grandes. Enredos e poética capazes de desbancar muito Nobel por aí. Ficção de primeira. Como a literatura, parte de um evento cotidiano.

É como dizer: viram fulana? Ela está meio-grávida. Mas o centauro da “meia-verdade” pode dar pistas da verdade. Isso sim. E é por isso que eu tenho a plena convicção que o confessionário dos dias de hoje é o Google. Ninguém mente para o Google. Na busca da solução anônima, escondida, confessa-se a verdade. Primeiro porque se mentir, não terá solução. Segundo, porque o anonimato da busca silenciosa parece reconfortar aos consulentes.

Mas andei vendo que até a inteligência artificial anda mentindo quando não sabe a resposta. Talvez por pudor cibernético. Quando soube que ela pode mentir e o faz, aí sim realmente fiquei preocupado com os rumores de humanização das máquinas. Realmente estão ganhando vida ou são espelho dos criadores? E aí, é como o que um amigo meu ateu diz: graças a Deus que ao menos ali nas perguntas e não nas respostas do Google, exista a verdade.

Igual reflexão acerca da verdade é ao se dar descarga pós uso. A indulgência num aperto de botão. Um tipo de batismo particular nas águas na louça e o pecado da digestão se vai. Já viram a cara de quem sai do banheiro pós uso? O tamanho do constrangimento? Chega a dar dó. Mas também a mentira chegou nesse recinto. Quer dizer, talvez a "meia-verdade". Criaram soluções em que retiram os odores do ambiente. E eu me preocupo: agora o banheiro tem potencialidade de se tornar o ambiente mais cheiroso da casa. Socorro!

Mas é como eu disse: ainda bem que tudo o que disse é uma imensa mentira. Merece até o aumentativo analítico: mentira grande, seja ou não uma grande mentira.

Simon Lima
Enviado por Simon Lima em 08/09/2023
Reeditado em 08/09/2023
Código do texto: T7880757
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