CARTEIRA VAZIA
Meu velho pai sempre disse que:
A palavra de um homem vale mais do que dinheiro.
Bom, discordo plenamente desta máxima, sabe o porquê?
Vai comprar alguma coisa hoje em dia, impondo sua importância vocabula, duvido que valha um vintém.
Ou naquela época do vintém, valia sim alguma coisa.
Há lugares pitorescos como botequins que; ainda sustentam a ideia da soberania da palavra como moeda de troca.
O tal de; :põe na conta!
Que depois eu pago!
Isto só é dito pelo costumeiro freguês, cria este vínculo quase familiar com o dono do bar, até dar o tal do sumiço.
Antes estufa o peito e diz: Amanhã quando eu vier aqui eu acerto com você!
Mas nunca virá, desaparece como por encanto, aquele costumeiro transeunte muda sua rota e rotina, corta caminho para não passar a frente do que ainda ontem era seu ponto de referência, para ir a outro criando a mesma armadilha.
Mas um, a cair no sete um do salafrário, os primeiros acertos acontecem, e são de dividas não pagas, aquele mísero dinheiro não é dele, está com o mesmo indevidamente por pouco tempo.
O que é o homem sem dinheiro hoje em dia?
Já ouvi muito está pergunta, e consigo responder o que todos já sabem.
Um nada na sociedade de consumo, ele já tem seu traje que o define, aponta pra si como um dedo duro, dando o exato desenho da infortúita falta de caráter.
Um pobre coitado!
Calça jeans desbotada, camisa surrada, e o bolso preenchido com a carteira vazia, a mesma que ameaça pegá-la como se pudesse acertar alguma coisa, e com certeza tem apenas seus documentos e uma conta do mês passado dobrada em quatro partes para se encaixar apertadamente, apresentando a falsa ideia de que possa ter alguma coisa que acerte o seu precoce consumo.
Mais uma vez passará o bico no proprietário, como um grande hipnotizador da garantida promessa, dando a falsa ideia de pagar o que lhe é de dever cumprir.
Acredito que um dia paque, mas não hoje, talvez de certo que amanhã, mas qual amanhã já não sei!
Não há uma data precisa, talvez nem haja. Infelizmente a resposta está lá no bolso de traz da calça desbotada dentro da mesma carteira vazia.
Já deixou até o documento como cheque pre datado, uma espécie de garantia.
Mas nunca voltou pra pegá-lo.
( Do meu livro Textos Avulsos)
( Autor: George Loez)