OSHO E A RESILIÊNCIA

 

Por que será que eu nunca ouço as mensagens - ou, se as ouço, não acredito nelas? Porque às vezes, aquilo que elas trazem vai de encontro ao que desejamos que aconteça, então tentamos distorcer as mensagens que as vida nos dá a fim e nos preparar para certos eventos.

 

Há poucos dias caiu em minhas mãos o livro de Pema Chodron Palavras Essenciais, que fala sobre resiliência, sobre deixar ir, sobre a importância de aceitar aquilo que a vida nos traz, seja "bom" ou "ruim", e sempre aprender algo através daquilo. E eu li o livro vagarosamente, talvez porque eu, instintivamente, sabia que ao finalizá-lo, teria que colocar em prática aquilo que li. E foi a mais pura verdade. Tive que provar a mim mesma que havia entendido a mensagem do livro.

 

Em uma das mensagens, ela diz:

 

"A vida é uma boa professora e amiga. Se pudéssemos perceber, veríamos que tudo está sempre em transição. No fim, nada é como sonhamos. Esse estado descentralizado e indefinido representa a situação ideal. Nesse ponto, não estamos presos a nada e podemos abrir o coração e a mente além de qualquer limite. Essa é uma situação sem agressividade, muito frágil e aberta."

 

Todo o livro é sobre deixar ir, sobre a importância da aceitação. E Eu apenas li, sem perceber o que estava se preparando em volta de mim, achando tudo lindo e maravilhoso - afinal, o que eu mais pedira estava acontecendo. Mas é muito fácil concordar com uma bela mensagem quando tudo está correndo exatamente (mesmo que aparentemente) da maneira que queremos. Mas quando tudo desmorona, não é tão fácil assim aceitar e seguir em frente.

 

E após a minha aparente perda, ao tentar obter uma mensagem com o tarô de Osho, por três vezes seguidas saiu-me esta mensagem: 

 

 

 

DEIXANDO IR

 

“Tirar esta carta em uma leitura é o reconhecimento de que alguma coisa acabou, de que algo está se completando. Seja o que for - um emprego, um relacionamento, um lar que você amou, qualquer coisa que possa tê-lo ajudado a definir quem você é - é hora de deixar para trás, permitindo qualquer tristeza que surja, mas sem tentar se agarrar ao que se completou. Alguma coisa maior está esperando por você: há novas dimensões a serem descobertas. Você ultrapassou o ponto a partir do qual não há volta, e a gravidade está cumprindo a sua função. Não resista: isso significa libertação”.

 

E algumas pessoas me disseram: "Nada é em vão. confie."

 

Aos poucos, estamos emergindo. A dor está se transformando em uma doce saudade, cheia de gratidão pelas memórias lindas que construímos nesses nove anos de convivência. Ela nos ensinou muito: a amar, a ter paciência, a aproveitar cada minuto do dia, a rir sem limites. Um simples cão pode nos ensinar tantas coisas, e vale por anos de terapia, se prestarmos atenção. E eu prestei. Disso eu não me culpo: estive com ela a maior parte do meu tempo nesses nove anos, sentei-me com ela na grama, brinquei com ela, fiz de tudo para tê-la ao nosso lado como um membro da família, dando-lhe conforto, segurança, amor, ótima comida, casinha muito confortável e limpa, os melhores cuidados veterinários possíveis, acesso ao interior de nossa casa. Ela nunca foi excluída.

 

Pouquíssimas vezes estivemos fora nestes muitos anos, e todas as vezes, fizemos com que nossos cães fossem cuidados por pessoas de confiança que vinham aqui para passar a noite e cuidar deles durante o dia, para que não ficassem sós durante muitas horas. E essas pessoas mandavam-nos fotos e vídeos que nos asseguravam de que eles estavam bem. Nunca deixei meus cães abandonados. Não carregamos qualquer tipo de culpa em relação a eles.

 

Hoje tentamos reconstruir nossas vidas nesse novo formato, dando mais carinho ao nosso cãozinho que ficou. Estamos construindo novas memórias junto com ele, criando novos momentos juntos, tentando continuar da melhor forma possível. E vamos conseguir, já conseguimos antes. Sabemos o caminho. Eu aprendi a entrar e a sair desse labirinto.

 

 

Ana Bailune
Enviado por Ana Bailune em 08/09/2023
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