Dom Pedro I: herói macunaímico.
Dom Pedro I foi Imperador do Brasil de 1822 até 1831, foi o responsável por decretar a independência do Brasil, em 7 de setembro de 1822. Finalmente, foi coroado em 1 de dezembro de 1822, teve um reinado caótico repleto de brigas políticas, revoltas, rebeliões, guerras e até problemas econômicos temperados com franco autoritarismo.
Ele era filho de Dom João VI e Carlota Joaquina. Seu nome completo era imenso: Pedro de Alcântara Francisco Antônio João Carlos Xavier de Paula Miguel Rafael Joaquim José Gonzaga Pascoal Cipriano Serafim de Bragança e Bourbon.
Foi o quarto filho e se tornou herdeiro direto do trono depois que Francisco conhecido como Dom Antônio de Braganca, o filho mais velho veio a falecer em 1801. Em seus primeiros anos de vida viveu em Lisboa, mas logo veio para o Brasil, quando seu pai decidiu transferir a corte para o Rio de Janeiro.
Aliás, a vinda da família real portuguesa se deu como um desdobramento da disputa entre França e Inglaterra durante o período napoleônico. O que me incentivou a escrever um texto: “A culpa é de Napoleão”. Afinal, Portugal se recusou a aderir ao Bloqueio Continental imposto pelos franceses, e, para evitar ser captura e ainda resguardar a dinastia, Dom João decidiu abandonar Portugal.
Os biógrafos de Dom Pedro afirmam que apesar de ter tido uma boa educação, não gostava de estudar. Era muito agitado e os relatos sobre sua saúde apontam que sofria de crises como as de epilepsia. Era célebre sua fama de mulherengo e, teve diversos casos amorosos ao longo da vida, e sua biografia abalou um de seus casamentos.
D. Pedro, porém, sofria da mesma moléstia que acometeu personalidades como os escritores F. Dostoiévski e Machado de Assis: a epilepsia. Os seus ataques epilépticos passaram a ocorrer desde pelo menos 1811.
Já em 1811, no Rio de Janeiro, com a idade de treze anos, há notícias de ataques de convulsão sofridos por d. Pedro. Cinco anos depois, o marquês de Valada escrevia ao marquês de Aguiar dizendo: “O nosso adorado príncipe tinha sofrido em um dia três ataques sucessivos de acidentes, padecendo pela primeira vez a mesma enfermidade da Sereníssima Senhora Infanta d. Isabel Maria”. Por ocasião das solenidades pelo aniversário de d. João VI, em 13 de maio de 1816, na revista às tropas, todo o público presenciou o ataque epiléptico sofrido pelo príncipe
O primeiro casamento de D. Pedro foi com a princesa austríaca Maria Leopoldina e aconteceu no dia 13 de maio de 1817. A referida união foi útil para as coroas portuguesa e austríaca, pois, para Portugal, representava a possibilidade de estreitar laços com uma das monarquias mais influentes da Europa e que tinha papel relevante na Santa Aliança. Para os austríacos, era um acordo que abria possibilidades para desenvolvimento comercial com Portugal e Brasil.
O casamento dos dois aconteceu por procuração, e d. Pedro só conheceu sua esposa em novembro de 1817, quando ela se mudou para o Brasil. Ao longo desse matrimônio, Maria Leopoldina e d. Pedro tiveram sete filhos: Maria, Miguel, João Carlos, Januária, Paula, Francisca e Pedro. Apesar de prolífico em herdeiros, o casamento não foi feliz.
Isso se deveu, principalmente, ao caso extraconjugal de d. Pedro com Domitila de Castro Canto e Melo, conhecida também como marquesa de Santos. D. Pedro conheceu-a em viagem para São Paulo, em 1822, e, durante sete anos, manteve-a como amante. Essa relação deu a Domitila títulos e riqueza.
Há até mesmo suspeitas de que d. Pedro teria a agredido em uma discussão.
Em 1826, D. Maria Leopoldina faleceu em decorrência de um aborto que pode ter sido causado por agressões de d. Pedro. Ele ficou viúvo durante três anos, e, só em 1829, casou-se novamente, dessa vez com d. Amélia de Leuchtenberg, princesa da Baviera. D. Pedro teve dificuldades para obter um segundo casamento por conta de sua má fama como marido e imperador.
O caso extraconjugal de d. Pedro com Domitila Castro foi mantido até 1829, quando ele colocou fim na relação para conseguir seu segundo matrimônio.
Segundo a obra "Bizarrices no Brasil I: A Política", de Márcio José Silvia, em 10 de setembro de 1834, já em seus últimos momentos de vida, Dom Pedro I escreveu uma carta para o Brasil, onde pedia pelo fim da escravidão: “É um mal, e um ataque contra os direitos e dignidade da espécie humana. É um câncer que devora a moralidade”, escreveu.
Em 24 de setembro daquele mesmo ano, ele não resistiu à doença e morreu. Pedro I pediu para que seu coração fosse sepultado na Igreja da Lapa, localizada em Porto. O resto de seu corpo, no entanto, foi enterrado na capital Lisboa.
Em resumo: D. Pedro teve 8 (oito) filhos oficiais, sete com Leopoldina e uma com Amélia. Fora do casamento, o número é lendário. O historiador Otávio Tarquínio de Souza assegura que, entre naturais e bastardos, ele teve uma dúzia e meia de filhos, ou seja, 18(dezoito).
Mesmo assim, ele ainda teve dois filhos fora do casamento após deixar o Brasil. Em 1832, quando estava nos Açores para organizar a retomada militar do trono português, o imperador brasileiro engravidou a freira Ana Augusto Faleiro Troste, do Convento de São Gonçalo.
O filho recebeu o nome de Pedro, foi colocado na roda dos enjeitados e acolhido por Manuel Leal, alto funcionário e fiel servidor de D. Pedro nos Açores. O garoto morreu aos 7 anos. No ano seguinte, já em Portugal, engravidou uma mulher chamada Maria Libania Lobo. O filho, Pedro de Alcantara, ficou conhecido como Pedro Real.
Ao total de filhos, sendo sete deles legítimos por seu casamento com Maria Leopoldina da Áustria, uma filha legítima de seu segundo casamento com Amélia de Leuchtenberg e diversos outros filhos frutos de suas relações extraconjugais, mas que foram legitimados pelo próprio monarca ou durante o reinado de seu sucessor, Pedro II.
Partindo da noção de que D. Pedro I foi um herói macunaímico, dotado de personalidade turbulenta, mal-educado e até chucro o que poderia dar indícios de que seria péssimo governante.
E, até o foi não obstante dizer-se ser um liberal, mas exerceu o poder de forma autocrática tanto que dissolveu a Constituinte que ele mesmo convocou, e constantemente humilhava em público amigos e aliados, e se cerco de uma corja tenebrosa e, admitia abertamente a corrupção.
Quanto ao plano pessoal, tratava as esposas e as amantes (dizem que chegou a ter cinco, com as quais teve filhos), de modo grosseiro. Como pessoa era duro e demonstrava uma agressividade pungente em seu comportamento cotidiano.
Mesmo assim, com tantos defeitos, o primeiro imperador brasileiro acabou sendo reconhecido como herói e até amado pelos brasileiros.
Referências
DEL PRIORE, Mary. A carne e o sangue: A Imperatriz D. Leopoldina, D. Pedro I e Domitila, a Marquesa de Santos. São Paulo: Rocco, 2012.
DOS SANTOS, Eugénio. D. Pedro: Imperador do Brasil e rei de Portugal. São Paulo: Alameda Editorial, 2015.
GRAHAM, Maria. Escorço Biográfico de Dom Pedro I. Rio de Janeiro: Biblioteca Nacional, 2010.
LEITE, G. A culpa é de Napoleão. Disponível em: https://www.jornaljurid.com.br/colunas/gisele-leite/a-culpa-e-de-napoleao Acesso em 7.9.2023.
LUSTOSA, Isabel. D. Pedro I - Um Herói Sem Nenhum Caráter. São Paulo, 2006
SOUSA, Otávio Tarquínio de. “A vida de Dom Pedro I” (tomo 3º). In: História dos Fundadores do Império (Volume II). Senado Federal, Conselho Editorial, 2015.
REZUTTI, Paulo. D. Pedro - A História não contada. São Paulo: Leya, 2015.