Zona de conforto
Em continuação a uma digressão passada, “a teoria do relacionamento”, me vejo envolta de outra questão fascinante: a zona de conforto em que o ser humano se coloca após o término de um relacionamento com o intuito de não se envolver emocionalmente.
Invariavelmente ao se terminar um relacionamento ou ter algum tipo de decepção o indivíduo promete a si mesmo que não irá mais se envolver emocionalmente, se determina a curtir a vida com desapego total, apenas se deixando levar pelos prazeres da condição de solteiro.
Com isso, conhece um aqui, outro ali, se sente vazio a cada envolvimento sexual sem compromisso ou extasiado como há muito não havia se sentido e assim vai seguindo sua vida, em meio a encontros furtivos e desencontros emocionais.
Para não correr riscos, procura manter relações sexuais com pessoas as quais, de alguma forma, não se encaixam no seu mundo, seja por não ter atrativos físicos, aos olhos de quem vê, seja por não partilhar das mesmas afinidades, seja ainda por terem objetivos de vida antagônicos.
Assim, se sente emocionalmente confortável, protegido, o que é usado para justificar a manutenção da condição de vida na qual se colocou.
Sair da zona de conforto e se envolver com alguém que desperta não só o interesse sexual, mas vários outros como admiração, carinho, afinidade, similitude na visão de mundo, se torna extremamente perigoso aos planos principais de não se apaixonar.
Ao se deparar com pessoas cujo risco de se envolver é alto, alguém que mexe com seu emocional e te tira do foco, não se sabe como, nem porque, a tendência lógica é fugir e, imediatamente, contatar quem quer que seja que não ofereça risco para se desvincular da ideia de se envolver com aquele que lhe despertou certo interesse.
Outras vezes, a atração emocional se torna tão intensa que fugir já não é uma opção, a escolha foi feita, pagar para ver, se entregar mais uma vez a um relacionamento amoroso.
O problema é que as consequências são imprevisíveis.
Há o risco, por exemplo, de ter decidido apostar em alguém que justamente está em sua zona de conforto e indisposto a sair dela.
O que acontece então? Retorna-se ao que o levou a fugir desse tipo de pessoa, volta a se envolver com pessoas cujos perfis em nada se assemelham ao seu, retorna à sua zona de conforto.
É um ciclo vicioso!
Encontrar alguém que te tire do eixo, que preencha os requisitos definidos para que o relacionamento dê efetivamente certo, de forma recíproca, que seja uma “Puta Mulher” ou um “Puta Homem”, é um grande desafio, que pode se tornar uma busca eterna - por vezes sem sucesso.
Mas é a busca que move a natureza humana.
Por mais que o ser humano não tenha se desenvolvido mental e espiritualmente para viver uma vida a dois em sua plenitude, pela dualidade de sentimentos, incapacidade de se doar, de perdoar, de amar de forma natural e profunda, ele busca incessante e incansavelmente encontrar um ser que o faça se entregar de corpo e alma.
Essa conversa de “não quero me envolver” é um grande engodo, não passa de um subterfúgio para se manter confortável.
O que se busca e sempre se buscará, será sim o rompimento deste ciclo e o encontro de alguém que te faça perder o chão e querer se entregar de corpo e alma, que de forma recíproca proporcione e se deixe proporcionar o mesmo sentimento de entrega sem ressalvas, e não tenha dúvidas do que quer e, principalmente, que o que se quer seja você.