AMIZADE. REALIDADES, VALOR HUMANO.
O que é mais admirável entre mortais, indicou o filósofo grego Aristipo, “um homem virtuoso entre os muitos estragados”.
Sendo subjetivo o conhecimento, essa percepção em distinguir é lacre em cada ser humano. Elas, as percepções, são únicas sensorialmente..
Difícil mudar equação tão longeva. A amizade traz luz e conhecimento. Mas....não se pode pedir compreensão a quem não compreende, sabedoria aos que estão fechados para aprender, educação aos que não se educaram, civilidade a quem não se civilizou, e amizade a quem não pode ser amigo.
Os não virtuosos são levados à solidão, não a que faz crescer, como nos monges, mas a que leva à doença da alma e da mente. E ficam ausentes de amizade, necessidade humana. Andam de braços com a inconveniência e a imposição.
Precisamos ver onde está a virtude, lhe dar curso, recepcionar e trocar interlocução que edifica, essa uma grande forma de humanismo.
São Bernardo, ensinava: “Uns sabem só para serem sabedores, e é soberba; outros sabem para serem sabidos, e é vanglória; outros para ganhar, e é avareza; outros para se edificar; e é prudência; outros finalmente para edificar o próximo, e é caridade”. Creio que muitos estacionem nas duas primeiras classes e poucos cheguem nas duas últimas.
“A amizade dos amigos está acima da palavra por morar no coração.” Celso F. Panza ,
Assim defino amizade.
Amigos; é difícil definir o perfil do que é amizade, desconhecida em seus contornos, quase como o surgimento da vida e a formação do pensamento. Seriam amigos o “sal da terra” da passagem bíblica? Não creio, o sal é efetivo e definitivo no dar sabor, sempre, “amigos” por vezes surpreendem e tiram o sabor. Precisamos compreender, o sal não, é sempre o mesmo.
Mas nunca tive surpresas com amigos, eletividade sepulta surpresas, e assim procedo. Impõe-se na amizade estreitada em aproximação, linearidade de princípios.
Mas, destaque-se, não há incondicionalidade em amizades, adite-se, não poderia haver, amigo não é mãe .Para muitos há uma relação inexistente nessa amplitude pretendida, existiria mero “conhecimento”, as vezes de muito tempo. E quem ou quais não acreditavam em amizade? As grandes cabeças, reverenciadas e cultuadas. Leia-se Aristóteles, e outros.... É uma realidade dura e crua? É! Ocorre isto por quê?
A vida é regida pelo interesse, econômico e moral, isto é uma realidade, queiramos ou não. E mesmo o interesse moral, subjetivo, imaterial, sem valor de moeda, ou qualquer outro material, reside e habita a seara das emoções, onde se situa a alegria. Um grande valor, sem dúvida, e por isso há interesse. Ninguém quer estar ao lado de pessoas desagradáveis, depressivas, problemáticas, invejosas, complicadas, ególatras, maledicentes, pretensiosas, caricaturas de “ser gente”. Só uma franciscana caridade suporta tais personalidades, tolera, muitos suportam.......em nome do Cristo. Não tenho essa grande qualificação. Peco por franqueza irreverente, sou mais sincero que a sinceridade, declino o que penso.
Não se pode pedir das pessoas aquilo que não podem dar, e não temos o direito de pedir mudanças, aceitamos ou não, convivemos ou não, reduzimos o convívio ou não.
Em 'Ética a Nicómaco, Aristóteles dizia que: “A amizade é menos frequente entre pessoas azedas”.
O destaque de Aristóteles e sua importância no pensamento universal, se deve a que praticamente sem precursores, com sua exclusiva potencialidade cerebral, assistida por agudíssima inteligência, invulgarmente privilegiada, deu nascimento a uma ciência nova que orienta até hoje todas as outras - a lógica. A analogia lógica é: qual amizade pode surgir de um azedume, de sabor de fel, féleo? Nenhuma....
Porém, a verdadeira amizade é um dos mais belos e valiosos traços incorporados ao caráter humano.