APOROFOBIA

FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR

O neologismo “aporofobia”, remete direta e indiretamente as duas palavras gregas: á-poros, que significa literalmente “pobre” e “desvalido” e phobos, quer dizer “medo” e “aversão”.

Assim sendo, o termo “aporofobia” é o termo ou nome dado ao medo e bem assim a rejeição aos pobres.

Nada por enquanto de novo, porque não faz muito tempo que a televisão global tinha um quadro humorístico do famoso Chico Anísio, interpretando o deputado federal Justo Verissimo, corrupto contumaz, em sua essência e que odiava pobre, o espectador brasileiro ia ao delírio na gargalhada.

E alegava que o único produto genuinamente nacional era o pobre e ser pobre é ser Brasil.

E o deputado Justo VerIssimo metia o pau nos pobres em nome da liberdade de imprensa.

Enchia a boca de que pobre é “mulambada” e que pobre se exploda!

Acredita-se que o insigne ator Chico Anísio nunca e nem a empresa TV Globo foi chamada atenção para amenizar a discriminação ou apologia negativa aos pobres, porque só oito anos faz que o humorísta partiu para o outro lado do caminho no dizer de Santo Agostinho.

Voltando ao tema central deste escrito, inspirado no livro: Aporofobia, a aversão ao pobre: Um desafio para a democracia, de autoria de Adela Cortina, destacada filósofa espanhola da atualidade de reconhecimento internacional, escrito em 2017, onde a referida autora afirma que: “aqueles que produzem a verdadeira fobia são os pobres”, isto porque: “os estrangeiros com dinheiro não produzem rejeição”, pelo contrário: “espera-se que tragam recursos e são recebidos com entusiasmo”, isto porque: “aqueles que inspiram desprezo são os pobres, aqueles que parecem não poder oferecer nada de bom, sejam eles migrantes ou refugiados políticos”, porém, “não há nome para essa realidade social inegável”, que não é um fenômeno brasileiro afirmamos, a autora é nacional da Espanha, portanto, do Continente Europeu, faz parte do primeiro mundo e que lá também assim como aqui tem pobres com força, ex-vi os milhões abaixo da linha da pobreza e constantes do CadÚnico e que recebem ajudas via os programas sociais.

E diante de tal situação real, a autora do termo: “aporofobia” e que dá nome ao livro, define e contextualiza a palavra, afirmando que todos nós temos uma predestinação natural para desenvolver tal fobia e adianta que uma das formulas precípuas para superá-la é justamente a educação, seguida da eliminação das desigualdades econômicas, da promoção da democracia que leva a igualdade a sério e bem assim, da promoção de uma hospitalidade cosmopolita.

Em suma todo e qualquer profissional (professor, advogado, médico, padre, pastor, pai de santo, etc) brasileiro ou não deveria lê a referida obra como meio de aprendizagem para melhor ver e compreender o porque dos invisíveis (sem nada, moradores de comunidades ou favelas e/ou não de ruas...) de todos os naipes existenciais ideológicos, sociais, religiosidades, etc, e presentes em todas grandes e pequenas cidades do mundo e no Brasil não é diferente. O quadro de Chico Anisio dizendo que tudo de pobre não presta, etc, etc, interpretando o corrupto e deputado Justo Verissimo, representa justamente uma definição nacional fazendo apologia ao "crime" de descriminação do homem pelo homem por ser pobre pelo pobre, portanto, ai está presente a “aporofobia”. E por que não deve ter legislação dizendo que isso é crime? E se ainda não tem a legislação própria para o caso, por que o STF - Superior Tribunal de Justiça não estanca tal situação, enquanto o Congresso Nacional não se acorda para legislar sobre o tema?

FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR
Enviado por FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR em 03/09/2023
Reeditado em 03/09/2023
Código do texto: T7876842
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