Por que há brasileiros desgostosos com o Brasil, se temos picanha para dar e vender?!
Não vejo razão para a sem-razão, um tanto quanto irracional, do desgosto e da frustraçao e da desilusão daqueles seres viventes que estão a se empanturrar de picanhas metafóricas. Ora, metáforas são nutritivas. Não só de pão vivem os homens, e as mulheres tampouco. O que seria dos bípedes que não têm nem penas nem bico se não lhes nutrissem o espírito suculentas metáforas?! O que seria dos poetas se ninguém as houvesse inventado?! Homero não teria se ocupado com a sangrenta guerra de Tróia e com o périplo de Odisseu, e Dante não teria, Virgílio a ciceroneá-lo, descido ao inferno - e ao inferno dantesco, o mais infernal dos infernos! (E por que Virgílio ciceroneia o senhor Alighieri?! Tão ingente tarefa - um cacófato, que revela a minha malícia, meu Deus! - não seria da incumbência de Cícero?!), e Camões, o nosso magnífico Luís, nada escreveria acerca do grandioso Adamastor.
Agradeçamos aos céus as metáforas que nos dá a energia de que precisamos para arrostarmos, com galhardia, as vicissitudes da vida.
E que venham os poetas, que se multiplicam a olhos vistos, pois há, hoje, no Brasil, mais do que em qualquer outra época de sua pentacentenária - ou quinquicentenária, como queiram - história, metáforas suculentas e nutritivas!