Confidencias de noivos
CONFIDENCIAS DE NOIVOS
Dois jovens, ele 25, ela 21 anos, vivem hoje, a mesma expectativa de 50 anos passados: os últimos 15 dias de solteiros.
Então, em meio aos preparativos para as bodas, seus corações viviam a expectativa de como seria a convivência conjugal: combinar os temperamentos, as preferencias, os costumes; viver a fé; conciliar a experiência; enfim, como seria a vida?
Ela, terceira de 08 irmãos, segunda mulher entre 05, com pai e mãe vivos; ele, único fruto de um matrimonio de curta duração, mais ou menos 15 anos (o pai falecera há 11 anos); vindo de experiência na vida religiosa. Destaque: ambos já haviam sido acolhidos pelos futuros sogros – as mães eram madrinhas de cada um.
Nesse tempo era comum entre as noivas o emagrecimento acentuado devido a escolha e compra do enxoval, da segunda roupa, definição do cardápio, despedida de solteiro, organizar lista de convidados. Entre os noivos a preocupação girava em torno da confecção do terno, organização da casa onde iriam morar, preparar a papelada (a deles já estava pronta).
Primeiro de setembro de 1973, insone madrugada a dentro ela divagava ansiosa em busca de respostas para as perguntas que a assaltavam: como será conviver com alguém que se conhece apenas das conversas nas poucas visitas recebidas; nos passeios no arraial da festa do padroeiro em setembro e do Perpetuo Socorro, em dezembro? (conheceram-se na Pascoa de 1972, noivaram no Natal do mesmo ano e casariam no dia 16.09, festa do padroeiro em 1973). Ela sentia o conforto de ter sido consagrada a Nossa Senhora da Conceição, na pia batismal e de, adolescente, ter feito um pedido: que “só sentisse amor pelo rapaz com quem iria casar”. Havia dito a sua mãe, logo depois de conhecer o agora noivo, que ele seria seu marido porque sentia que já o amava, sentia que sua Madrinha havia atendido sua oração. Ao mesmo tempo, a quilômetros distante, ele se revolvia na rede a busca da melhor posição para recordar o olhar mais profundo que jamais o havia atingido. Do coração enamorado emergia o pedido feito a Madrinha Nossa Senhora das Graças, a quem havia sido confiado à hora do parto, consagrado na pia batismal e se entregado ao optar pela vida secular, de que lhe só deixasse seu coração arder pela pessoa a quem deveria dedicar todas as forças para amar e servir para sempre.
Na madrugada de primeiro de setembro de 2023, quando a luz prateada da lua em ocaso cede aos primeiros albores do sol o palco do espaço, os dois corações que então lobrigavam o futuro, percebem que o “caminho que era longo até parece breve”, que o arrojo da entrega mutua sob a proteção da Virgem Maria, as bênçãos de seus pais, da Igreja pelo Sacramento do Matrimonio, de Deus através da comunidade eclesial os transformou: agora são “uma só carne, um só espírito” (MC 10,8); há muito desapareceram os temores, as duvidas encontraram respostas claras, abalizadas; o frio tornou-se calor, o “a amor venceu”. Cheio de jubilo poderão entoar confiantes a canção Juramento, de Padre Zezinho (1990): “Teus pais serão meus pais, meus pais; teu lar será meu lar; teus sonhos hão de ser também os meus. Teus ais serão meus ais; e cada dia mais, na dor e na alegria seremos este par apaixonado” e asseverar”: Foi o amor “que nos fez olhar na mesma direção, foi o a mor o que nos fez tomar a mesma decisão” e os corações jamais se cansaram ou cansarão de falar: TE AMO E TE AMAREI.
Arturo Cortez. ALB PARÁ Seccional Irituia, Cadeira nº 02. CONCLAB-CONINTER Cadeira 74.