Sem pressa
Algo interessante agora me ocorre. Noto que "algo" é uma palavra muito interessante. Noto ao tempo em que me espanto: como sou tolo, meus deuses! Mas funciono, ou não, desde que. "Algo", o que pode ser? Um verbo ou uma rima de orvalho no céu de Israel?
Não, não é bem isso algo interessante a dizer. Na verdade, na verdademente, estou sem pressa. Confesso, ao tempo em que peço desculpas. Fui e ainda sou, acima de tudo, um apressado. Mas, agora, no breve agora, estou sem pressa. Es-tou-sem-pres-sa, e peço desculpas, e ligo o alerta: se quiserem, podem me internar.
No princípio criou Deus os céus e a pressa. Mas eu, agora, não quero dela desfrutar. Permita-me o divino o perdão, e deixe-me mais um pouquinho estar, sem-pres-sa: para mode, agora, ali, no meio da multidão sem nome, eu espiar essa moça sem pressa no andar, no olhar, no semblante de moça triste, passar.
Passa, moça triste, ainda que sorrindo com lágrimas nos olhos. Não baixa a cabeça não. Siga em frente, sem pressa. Permita-se demoradamente e sem pressa. Você, permita-me chamá-la de tu, por acaso, não olhe nem pergunte as horas não, mesmo à altura de 10 para as 11. Passa devagar, moça, deixando-se para trás e de repente. Vão falar que estás atrasada. Não ligues não. São apenas oito e meia. Algo interessante vai acontecer. Desde que. Sem pressa, sem pressa, a gente ver.