Já conheci gente de todo tipo. Mas nenhum que se compare ao mineiro.


Mineiro oferece café como se fosse brinde e, no fim, oferta um banquete, digno de uma pousada 5 estrelas:


- Tome logo um café que coei agorinha. Não pode fazer desfeita! 


Daí, sem choramingos, você entra no clima e aceita logo o “antídoto dos profetas” que, servido num copo americano, é “pingado”. Enquanto se ajeita pra não queimar os dedos, não acostumado com xícara sem alças, vem de novo a mineirinha com voz cantarolada:


- Tá, pelando não tá? Senta aqui que o pão de queijo tá saindo. A broa de fubá é de ontem mais tá fofinha. Tem biscoito de “polvir” na lata. Num quê levá uns pra viagem? O queijo tá curado demais pro seu gosto? Tem fresco.


E de repente, você sai da casa visitada, carregando uma sacola dde uma rede de supermercados famosa com: queijo fresco, doce de leite no pote de margarina e doce de abóbora em copinhos de plástico (não são descartáveis), e todas as verduras do dia: couve, almeirão, rúcula, salsinha, cebolinha e mais, uma dúzia de ovos caipira:


- Num esquece de quebrar os ovos numa vasilhinha antes, porque pode tá estragado ou choco!


- Quanto lhe devo? Que gentileza!


- Que isso, meu fiiio! Uai, sô! Reza uma ave-maria pra nós! Um Deus lhe pague é tudo.
E não é que eles acreditam que Ele paga? Tem até comida pra Santo reservada no fim do prato!


Mineiro se agacha como se fosse posição de largada do atletismo e joga conversa fora por horas, enrolando um cigarro de palha, enquanto escuta os causos dos amigos.


O jogo de futebol é pelada; os times são sem camisa e com camisa e o juiz é o dono do bar onde termina o jogo.


Mineiro toma pinga e não cachaça. E o moço viciado no "mé", é pinguço: porque chega do trabalho e debruça seu cotovelo no balcão do buteco de copo sujo, que além de tudo, vende o melhor torresmo da cidade (embrulhado em papel de pão, pra levar pra casa).


Não faz festa de aniversário, só reúne os familiares pra cantar um parabéns.
Nem se permite dar presentes, leva sempre uma lembrancinha.


Mineiro não toma distância, ele arreda.


Não come polenta, mas faz angu com couve todo dia.


Não fala demais, escorrega.


Em Minas não se faz fofoca, fala da "vida dos'otro".


Mineiro não é cúmplice, tem rabo preso.


Olha ressabiado e faz silêncio... Nos primeiros dez minutos. Depois disso, é preciso pedir:


- Pelo amor de Deus, fecha essa matraca, Jão!


Mineiro não faz mutirão, mas enche a laje.
Não fica bêbado, enche o rabo de pinga.
Não é desocupado, é sem serviço.
Não aceita pouco, quer só um tiquim.
Não é mal educado, mas dá cada patada.
Não dorme cedo, deita com as galinhas.
Não frequenta a igreja, mas tira o boné/chapéu e faz sinal da cruz quando em frente passa.
Não nada na lagoa, mas refresca no “corguinho”.


Faz comida no domingo como se o cardápio fosse da semana inteira: macarrão, feijão, angu, carne, maionese...


Mineiro vê trem em todo lugar e quando o trem vem, o chama de máquina.


Mineiro afoga as lágrimas na bebida e termina a noite na boate Azul.


Refoga comida no alho e não no óleo.


Sai cedo pro "batente" e volta tarde do "trampo".


Ah, mineiros se não fossem seus roteiros, o mundo seria  um lugar sem Minas ao Luar!


Mineiro que é mineiro não corta o cabelo, vai aparar as pontas!


Em Minas não se sobe morro, pega aquela ladeira.


Se disser que é logo ali, fuja! Logo ali de mineiro é traduzido em quilômetros sem fim.


Mineiro não cansa, fica aperriado.


Não tem problema, mas tem uma pedra no caminho.


Em Minas não tem impostor, mas tem traíra.


Mineiro não sabe nome de rua, mas sabe da rua, todos os nomes...


Mineiro não tem dinheiro, mas é rico da graça de Deus.


Entra na venda pra comprar talco, fubá e pomada minancora e chega em casa com uma pinga no litrão de Coca-Cola.


Se não fosse o mineiro, calado, cabreiro, o Brasil não seria esse lugar!


Eita, mineiro! Povo bom pra visitar, mas se quiser um parceiro, um amigo verdadeiro venha pra Minas, ficar...


- “Quantasorasão?”

- " Meidia e pouco...


Se decifrar, considere-se naturalizado. Minas é igual romaria, se apertar, sempre cabe mais um! 

 

Mônica Cordeiro
Enviado por Mônica Cordeiro em 01/09/2023
Reeditado em 01/09/2023
Código do texto: T7875558
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